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Reeducar-nos é fundamental para educarmos nossas crianças
| Foto: Pixabay

É surpreendente como o tema educação pode ser abrangente. Muitas vezes, tratamos dele como algo restrito – escolas, universidades e cursos seriam os responsáveis por educar, com os professores como interlocutores dos pilares essenciais de cada área – mas não é bem assim: no cotidiano, passamos por situações que, mediante autocontrole e reflexão, bastariam para adquirirmos conhecimento e sabedoria.

Trata-se, mais do que uma opinião, de uma teoria do conhecimento: o empirismo – vertente da filosofia que acreditava no conhecimento através da experiência sensorial – é justamente o “viver para aprender”. E digo isso porque ser pai ou mãe não se aprende numa sala de aula, é uma questão de prática.

Atualmente, sintomas de depressão, ansiedade e dependência acabam despertando cada vez mais cedo nos jovens. É errado generalizar, mas atribuir essas origens a um mundo que pressiona cada vez mais cedo não seria equivocado. O apelo aqui não é pela criação de uma bolha ao redor das crianças mas, sim, por uma espécie de invólucro no lar que os proteja do bullying, dos problemas alheios e afins para eles poderem, enfim, atingir o seu potencial pleno na fase adulta.

O caráter é uma equação que tem o lar como uma importante raiz

Como alguém que vivencia a educação diariamente, observo alguns sintomas constantes no comportamento das crianças: não raro, ocorre o que definiria como uma “alienação progressiva”: os pequenos assimilam as frustrações e dores dos adultos, colocando-se num papel de agonia que não lhes cabe e esse fator influencia diretamente na sua autoestima, desenvolvimento cognitivo e aspirações. Resumidamente, os pais criam em casa um ambiente condicionado por sentimentos negativos que assolam a mente dos filhos.

Mudar isso é possível? Como dito acima, o empirismo é o aprendizado através da vivência. Desde o início do século 21, a sociedade tem se moldado de uma forma cada vez mais conectada, que traz para perto as boas e más influências graças à globalização. Neste contexto, as redes sociais desempenham um papel de egocentrismo quase irrestrito: muitos comparam uma vida à outra, como o velho provérbio “a grama do vizinho é sempre mais verde”. O cenário de ilusão gera frustração, uma sensação falsa de que o outro é mais feliz. É um exemplo isolado, mas cabe aqui: nos moldar e saber separar o que é real do que é criado pela nossa mente é essencial para sermos melhores.

Grandes educadores sempre preconizaram: “os pais precisam buscar soluções mais eficazes do que simplesmente achar que, por frequentar uma boa escola, o filho estará aprendendo”. Como bem se sabe, isto não é verdade: o dia a dia é tão – ou até mais – importante que a educação escolar, cujos benefícios são o de educar matemática, português, inglês. O caráter, como já foi dito por tantos outros profissionais, é uma equação que tem o lar como uma importante raiz. Nosso filho é educado para o mundo e não para nós mesmos. É esta a mentalidade que pais devem ter.

Assim, pais ou responsáveis podem ter uma visão neutra de si mesmos, um autoconhecimento essencial para criar uma criança. Afinal, os jovens são como uma “esponja” em seu período de desenvolvimento: absorvem tudo, bom ou mal. Que sejamos sempre a equação positiva, em um mundo que cada vez mais exige pessoas que entendam os conceitos básicos de cidadania, respeito, igualdade e vida em sociedade.

Esther Cristina Pereira é presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe-PR) e diretora da Escola Atuação.

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