• Carregando...
 | /Pixabay
| Foto: /Pixabay

“Quem fala sobre suicídio não se mata, só quer chamar a atenção”. Esse é um dos pensamentos mais errados que já ouvi e, infelizmente, por muitas vezes. Quem fala sobre tirar a própria vida já está há alguns passos de consumar o fato, por isso é essencial que todos prestem atenção no comportamento das pessoas ao seu redor e até em si mesmos, pois os fatores que levam à tal ação podem surgir em qualquer indivíduo, independentemente do sexo, classe social ou faixa-etária.

Para entender a gravidade do tema, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O resultado são 800 mil mortes por ano. No Brasil, o suicídio é a segunda causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, mais um motivo para que as “ameaças” de suicídio sejam levadas a sério, pois elas atingem pessoas cada vez mais novas.

Falar sobre suicídio não estimula mais pessoas a cometerem. O diálogo, esclarecimentos e tratamento de doenças consideradas fatores de risco são a melhor forma de prevenir o problema. Quanto mais falamos (e ouvimos, principalmente), mais promovemos uma rede de apoio às pessoas que passam por algum tipo de sofrimento.

Quanto mais falamos (e ouvimos, principalmente), mais promovemos uma rede de apoio às pessoas que passam por algum tipo de sofrimento

Mas por que as pessoas cometem suicídio? Existe um conjunto de fatores envolvidos. Os transtornos mentais estão relacionados em 90% dos casos. Catástrofes, perda de entes queridos, grandes desfalques financeiros, abuso sexual, bullying, solidão e antecedentes familiares de suicídio são algumas das causas associadas, mas é importante ressaltar que todo ser humano passa por adversidades como essas e que a exclusão da própria vida não é a solução.

É preciso dar atenção e ouvir a pessoa que fala sobre suicídio. Frases como: “você tem tudo”, “pensa na sua família” e “não fala besteira”, definitivamente não ajudam, pelo contrário, faz com que o indivíduo se sinta cada vez mais culpado. Se entendermos que na mente da pessoa vulnerável não está o encerramento da vida, mas o encerramento da dor, teremos mais condições de ajudá-la.

Ao se deparar com alguém propenso a se suicidar, procure compreender o que motiva essa pessoa a pensar sobre suicídio, ouça as suas justificativas e então mostre que existem alternativas para lidar com os problemas. Indique buscar imediatamente a ajuda de profissionais especializados como psicólogos e psiquiatras. Hoje esses especialistas estão também nas clínicas médicas populares, onde os preços são bastante acessíveis, justamente para que pessoas necessitadas tenham um acompanhamento médico adequado e ao seu alcance.

Leia também: A necessidade da psicologia nos dias atuais (artigo de Liseane Selleti, publicado em 17 de julho de 2017)

Leia também: Resoluções no divã (artigo de André Gonçalves Fernandes, publicado em 14 de fevereiro de 2018)

O apoio da família, das amizades sólidas, das crenças que amparam e dão esperança também são importantes para que o indivíduo restabeleça a sua mente. Outra medida de combate ao suicídio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que disponibiliza atendimento gratuito 24 horas para dar apoio emocional e prevenir o pensamento suicida.

Numa era em que o conveniente é enviar mensagens instantâneas e com respostas rápidas, o olho no olho ainda é insubstituível. Se conhecer alguém com fatores de risco ou se você mesmo sentir dificuldade de conversar com o próximo, busque auxílio especializado o quanto antes. Dê valor à vida!

Danielle de Paula Santos é psicóloga.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]