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Um caminho para a excelência dos serviços
| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo

A privatização dos Correios, uma das maiores estatais brasileiras, tem gerado um debate político intenso. Não é para menos; afinal, é uma empresa que está presente em todo o território nacional (poucas são as que conseguem isso), emprega centenas de milhares de pessoas e tem alto valor de mercado. Mas por que todo esse debate, se as privatizações não são novidade no Brasil?

Nas décadas de 1990 e 2000 aconteceram mais de 30 privatizações de empresas de diversos ramos, como energia, transportes, bancos, telecomunicações e até indústria de fertilizantes. Todas geraram um impacto profundo no seu ramo de atuação, com benefícios e prejuízos. Talvez a memória dos brasileiros remonte a essas outras privatizações quando se ouve falar na dos Correios. Mas esclarecer os modelos de gestão é necessário antes de se posicionar nesse cenário.

Privatizar é a única opção? Não. Há outros modelos que poderiam ter sido escolhidos, como o de concessão, em que a empresa assume o controle e recebe a receita pela tarifa do usuário da estatal por um determinado período, normalmente longo. Ainda há a parceria público-privada, em que o Estado repassa um valor previamente acordado para uma empresa privada, que assume a gestão da estatal durante o período de contrato, além da receita advinda das tarifas dos usuários. Nas duas situações, o Estado brasileiro continua sendo o “dono” da estatal.

No caso dos Correios, foi escolhida a privatização, ou seja, a venda da organização. O Estado deixará permanentemente de ser proprietário dos Correios. Nesses casos, os valores envolvidos são mais elevados e a decisão é definitiva. Esclarecido esse ponto, quais seriam os benefícios envolvidos?

Devemos seguir rumo à redução de estatais para ganharmos em competitividade internacionalmente.

O primeiro deles seria desonerar o Estado. Os custos de manutenção das operações passam a ser exclusivos da empresa que assumir os Correios. Já para os consumidores, perceberemos maior competitividade do setor, modernização das atividades, melhor nível de serviço ao cliente e, possivelmente, menores tarifas. Vamos recordar a privatização das companhias de telecomunicações: foi o primeiro passo para as novas tecnologias chegarem ao Brasil; elas já existiam em outros países e só foram implantadas aqui após a privatização. O mesmo pode ocorrer com as atividades dos Correios.

Temos hoje empresas multinacionais com atuação forte na distribuição que já sinalizaram interesse real em participar do processo. Elas são conhecidas internacionalmente pela excelência em suas atividades.

Segundo dados de 2015 da OCDE, o Reino Unido e os Estados Unidos possuem menos de 50 estatais. França, Alemanha, México e Argentina, menos de 100. O Brasil contava com pouco mais de 120. A China é a campeã em estatais, mais de 51 mil, mas tem outro tipo de regime político. Acredito que devemos seguir rumo à redução de estatais, como os países citados, para ganharmos em competitividade internacionalmente. Por enquanto, aguardamos o desenrolar do processo para acompanhar os resultados.

Caroline Brasil é coordenadora dos cursos de pós-graduação da área de Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.

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