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Em época de crise econômica, o orçamento das organizações torna-se uma ferramenta de gestão vital sobre a qual as empresas se debruçam para minimizar os impactos do período de recessão. Apesar disso, ainda é possível ver companhias que não têm um processo orçamentário implantado e há outras que o executam, mas não de forma eficaz. Dessa forma, as corporações não conseguem obter valor para o negócio em razão de diversas situações como a falta de uma cultura organizacional e de comprometimento orientado para resultados, baixa qualidade dos dados e da condução do processo e uso simplificado de soluções de tecnologia.

Uma pesquisa global da KPMG conduzida com a Association Of Chartered Certified Accountants (ACCA), com mais de 900 profissionais de finanças em 50 países, identificou que 46% dos entrevistados acreditam que o orçamento da organização geralmente representa um número politicamente acordado que não diz respeito à realidade do negócio. Além disso, mesmo sendo um procedimento que envolve a empresa toda, na maioria dos casos o processo de planejamento e orçamento continua sendo realizado de forma ultrapassada, imposto pela área de finanças e com pouco alinhamento com a realidade diária das operações.

Ainda há companhias que não têm um processo orçamentário implantado e outras que o executam de forma ineficaz

Quando bem estruturados, os processos de planejamento e orçamento têm focado em uma metodologia que está se mostrando muito eficaz: o Orçamento Base Zero (OBZ). Tal ferramenta teve origem nos Estados Unidos, pela Texas Instruments, em 1969, e foi adotado pelo estado da Geórgia, em todo o governo Jimmy Carter, a partir de 1973. O conceito OBZ é baseado em uma previsão orçamentária projetada sem levar em consideração o que ocorreu nos anos anteriores, na qual cada gestor necessita justificar cada gasto baseado em uma real necessidade que esteja alinhada à estratégia da companhia, visando obter ganhos sustentáveis e não ganhos pontuais. O objetivo principal dessa metodologia é não estabelecer paradigmas e rever todo o processo “do zero”, incluindo a revisão das premissas estratégicas.

Empresas da Região Sul do Brasil estão cada vez mais adotando o OBZ para se adaptar ao novo cenário econômico brasileiro, criando inúmeros casos de sucesso. Com cerca de R$ 150 milhões de faturamento e 390 funcionários, uma empresa do ramo farmacêutico do Paraná encerrou o ano passado com um resultado de Ebitda de cerca de R$ 5 milhões negativos, considerando apenas o resultado dos produtos de marca própria. Com a aplicação da técnica de Orçamento Base Zero, a empresa projetou atingir R$ 10 milhões positivos em seu Ebitda para 2017, considerando a receita dos produtos de marca própria e o gasto total para atender ambas as operações.

Leia também:  A terceirização como um pilar para a competitividade (artigo de Fernando Aguirre, publicado em 28 de outubro de 2015)

Diante disso, torna-se cada dia mais claro que as ações-chave para se ter um processo de planejamento com sucesso passam por um diretor financeiro que tenha um papel de engajar todos os níveis da organização e, principalmente, os executivos seniores, para que executem um orçamento sem viés político e autocrático. Além disso, tal atividade deve ser encarada como um processo da empresa e suportada pela área de finanças, que tem o papel de garantir a integração e senso de propriedade por toda a organização. Outro ponto importante é identificar os papéis e responsabilidades de cada área e também a forma de incentivo dos executivos que deve ser estabelecida por metas relacionadas claramente com os fatores externos (mercado e economia) e internos (estratégia e investimentos), em vez de metas negociadas apenas entre os departamentos.

Sérgio Bento Silva é sócio de consultoria em gestão de finanças da KPMG no Brasil. Aldo Macri é gerente de consultoria da KPMG na Região Sul do Brasil.
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