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| Foto: Guillermo Legaria/AFP

O Senado da Colômbia aprovou, em 30 de novembro, o acordo de paz firmado entre o governo de Juan Manuel Santos e a guerrilha das Farc. Após a inesperada derrota do plebiscito do dia 2 de outubro, o presidente contava com o apoio da maioria dos parlamentares, o que culminou na aprovação do acordo.

Esse novo texto é uma versão amenizada em relação àquele submetido a consulta popular em outubro; prevê, por exemplo, maiores punições aos guerrilheiros, como solicitava uma parte da sociedade. O acordo aprovado preservou a possibilidade de os guerrilheiros disputarem eleições, assim como criar partidos políticos, o que é bastante criticado. O documento determina a eliminação do cultivo de drogas financiado pelos rebeldes e prevê programas de inclusão dos guerrilheiros à sociedade civil.

Sabe-se que todos os colombianos desejam a paz no país

O debate político acerca desse novo acordo foi muito dividido tanto na opinião pública quanto no âmbito parlamentar. Os grupos contrários ao acordo, da bancada liderada pelo ex-presidente Alvaro Uribe, do partido Centro Democrático, alegam não haver avanços em suas demandas principais, que são o acesso à política aos guerrilheiros e a impunidade completa, já que estes não irão presos antes de ocuparem cargos políticos. Essa bancada denuncia a votação no Congresso como um instrumento ilegítimo, uma vez que não houve uma nova consulta popular via referendo.

Por outro lado, o grupo do governo que defendeu o acordo no Congresso alega que nunca houve um processo de paz tão criticado, com o questionamento da capacidade política do Congresso para promulgar um acordo de paz. O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, fez a seguinte provocação: “Vale a pena negar hoje ao país o final do conflito somente porque há a possibilidade de que as Farc aspirem a um posto público em 2018?”.

Por sua vez, Ivan Duque, que é visto como o possível candidato de Uribe para as eleições de 2018, denunciou o governo, afirmando que este “se utilizou da paz para fazer uma satanização das opções críticas e convertido em uma plataforma eleitoral”.

Denota-se que, mesmo com a aprovação do acordo, o debate ainda não se encerrou e terá lugar nas eleições de 2018. Independentemente das posições contrárias, sabe-se que todos os colombianos desejam a paz no país e, a partir desse acordo, ela pode estar mais próxima.

Ludmila Culpi, mestre em Ciência Política e doutoranda em Políticas Públicas, é professora de Relações Internacionais e Ciência Política no Centro Universitário Internacional Uninter.
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