• Carregando...
 | Albari Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Você será substituído por um robô? Essa é uma pergunta que muitos profissionais se fazem, ou sobre a qual pelo menos deveriam começar a pensar a respeito. O mundo passa por grandes transformações desde a revolução rural, quando tudo era mais controlável e previsível. Passamos pela era industrial, em que máquinas entraram em cena com uma produção abundante. Veio a era digital, em que a informação e a conectividade impulsionaram ainda mais o consumismo. São evoluções naturais que impactam o mercado de trabalho. E agora estamos vivendo uma mudança de era, na qual começamos a passar por uma revolução exponencial, porém mais acelerada, com tecnologia de ponta disponível. Termos como computação em nuvem, internet das coisas (IoT), Big Data, robótica, inteligência artificial, impressão em 3D e nanotecnologia se tornaram comuns no nosso dia a dia. Mas como isso vai impactar a vida dos profissionais?

Uma coisa é certa: nos próximos anos teremos muitas e rápidas mudanças. Segundo uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 57% das vagas de emprego estão suscetíveis à robotização e à automação. Mais da metade das funções hoje exercidas pelo homem podem ser substituídas por máquinas. Outra previsão bastante curiosa é do Fórum Mundial Econômico: 65% das crianças vão trabalhar em empregos que ainda não existem. Crianças em idade escolar sendo preparadas para algo que ainda não sabemos como será. Temos um futuro cheio de incógnitas em relação ao que irá acontecer com os profissionais. Quais serão as profissões do futuro? O ser humano terá espaço? Como os profissionais devem se preparar para tudo isso?

O que é desafiador e prazeroso o homem faz, o contrário será direcionado para um robô

Não me arrisco a dizer quais serão as profissões mais requisitadas, pois elas ainda não existem. Porém, com toda a certeza me arrisco a dizer quais serão os profissionais mais requisitados pelo mercado. Parece complexo, mas a resposta é muito simples. Todo trabalho que envolva atividades repetitivas e com uma lógica previsível, que não precise de socialização e intervenção criativa, que não resolva nenhum tipo de problema complexo e que ainda coloque em risco a vida será substituído por uma máquina.

Com isso fica fácil concluir que os profissionais mais disputados serão aqueles com características inerentes aos seres humanos como criatividade, capacidade de aprendizado e de adaptação, visão do momento e facilidade para se relacionar. Estou falando de soft skills, que são as competências e habilidades mais desejadas para os profissionais do século 21. Mais relevantes do que uma coleção de diplomas e certificados técnicos, as características comportamentais e sociais é que manterão o espaço das pessoas no mercado, combinadas com toda a tecnologia disponível. Estou falando de um cenário muito mais inteligente. O que é desafiador e prazeroso o homem faz, o contrário será direcionado para um robô.

E como desenvolver as soft skills? Algumas pessoas têm habilidades natas e outras precisam correr atrás. E sim, é possível desenvolver essas características, mas para isso é preciso treino. Erroneamente, muitos profissionais só enxergam o ensino tradicional como ambiente de capacitação. Falamos de comportamento; logo, temos de estar em contato com outras pessoas onde possamos exercer essas competências. É preciso viver experiências diferentes.

Leia também: A caminho da indústria 4.0 (artigo de Edson Campagnolo, publicado em 15 de agosto de 2017)

Leia também: A quarta revolução é industrial (artigo de Daniel da Rosa, publicado em 10 de março de 2017)

Em um trabalho voluntário é possível desenvolver habilidades como relacionamento interpessoal e o espírito colaborativo. Em um Hackathon, iniciativa que estimula a inovação, os participantes colocam à prova o seu potencial de resolver problemas complexos e extrapolar sua visão empreendedora. Em um curso de fotografia é possível desenvolver um pensamento crítico e estimular o olhar criativo. Em uma formação para chef de cozinha você vive experiências que ajudam a desenvolver suas características de líder e de trabalho em equipe. Independentemente da área de atuação, é preciso se colocar em situações desafiadoras que auxiliem no desenvolvimento de características fundamentais para qualquer profissional de sucesso.

O avanço da tecnologia é inevitável, a robotização em massa será uma realidade, as pessoas devem assumir o que de fato é da sua natureza. Somos dotados de uma grande capacidade de criar e de nos reinventarmos. Pode ser que nem todos acompanhem essa evolução. Naturalmente essa mudança trará perdedores e ganhadores. Meu papel aqui é a provocação para que todos enxerguem essa necessidade e tenham atitude para serem ganhadores. Não devemos temer as máquinas, e sim usá-las a nosso favor. A vida é feita de escolhas, nós somos feitos de escolhas. Você vai ser substituído por um robô?

Ronaldo Cavalheri, engenheiro civil, é diretor-geral do Centro Europeu e business development manager do Microsoft Innovation Center Curitiba.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]