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Obviamente, todo cidadão que se torna candidato acredita que pode ser eleito. Pesquisas são feitas, apesar de refletirem o momento e as falhas de coleta de entrevistados gerar erros maiores que os anunciados pelas empresas, inclusive pela volatilidade da intenção de voto. E, para aqueles que não evoluem como esperado, ou involuem, batem à porta o desespero e os ajustes de campanha.

Alguns somam às suas campanhas os medalhões que os apóiam, deputados, senadores, prefeitos, amigos famosos. Os ataques contra os oponentes também ficam mais constantes. Aí mora um perigo: no calor do embate, no clamor das bases, os ataques podem sair do campo ideológico e virar contra a pessoa, como dar a entender que é desonesto, fraco etc.

E algo que se observa nos últimos 20 anos é que quanto mais agressivo for um candidato, pior ele fica visto pela maioria das pessoas. Além de ser malvisto, desperta a militância atingida que reage reduzindo as campanhas à troca de ofensas. A agressividade pode ser observada entre militantes e mercenários do candidato. Outro efeito colateral é a reação dos simpatizantes que vêem a agressão como motivo torpe e transformam-se em militantes do ofendido. Verdadeiro tiro no pé.

Normalmente, a agressividade serve como avalista de pesquisas eleitorais desfavoráveis ao agressor. Afinal, o motivo deve ser o desespero e isso dá credibilidade à tal pesquisa. Isso, no final, acaba desanimando muitos partidários do ofensor. Por isso, antes de partir para o tudo ou nada, é preciso repensar a estratégia, e se for para perder, que se perca com dignidade. Afinal, ninguém sabe do futuro e o adversário de hoje pode ser o aliado de amanhã.

Poderíamos ainda discorrer sobre os partidos de aluguel. Mas vejamos um outro artifício bastante usado por políticos desesperados e espertalhões: a disseminação de boatos em meios públicos. O meio mais eficiente é o ônibus lotado. Eis como funciona: ao menos dois mercenários desconhecidos e bem treinados entram em um ônibus lotado e vão falando alto sobre o boato, para que seja ouvido e disseminado. Quando bem planejado, eles trocam de linha e continuam os ataques. Do contrário, os motoristas e cobradores, que certamente são cidadãos honestos e compromissados com a cidade, poderiam identificar a prática desonesta. Já que disseminar falsos crimes também é crime, deve-se denunciar à polícia os boateiros.

Outra prática é a fuga de debate. Como o eleitor está cada vez mais interessado em participar, as igrejas e associações devem promover sabatinas e debates. É preciso chafurdar nas intenções de cada candidato como desenvolvimento econômico, saúde, segurança, transporte, habitação, trânsito etc. As categorias que entendem de administração e economia devem dar sua parcela de contribuição e ver se o plano de governo é bom e precedido de análises ou se é um conto da carochinha, ou seja, mero produto de marqueteiro.

Mario Eugenio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).mariosaturno@uol.com.br

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