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Não chega a ser muito. Na realidade, é quase na­­da. Cinquenta anos na vida de uma pessoa é um marco, serve para avaliações e ainda há tempo para projetos. Na história de uma cidade, como Brasília, é muito pouco para uma perspectiva definitiva. O fato de ser irreversível não lhe garante ainda uma historicidade.

Mesmo assim, contrariando grande parcela da opinião pública da época de sua construção, Brasília veio para ficar. Até aqui, parece que para o bem, pois ajudou a integração nacional, criou novas fontes de trabalho e uma imagem positiva das possibilidades nacionais quando empenhadas em alguma coisa grandiosa.

Lembro duas objeções que os técnicos daquele tempo fizeram contra a nova cidade. Um engenheiro respeitável garantiu que o lago jamais se encheria. Mais tarde, JK convidou-o informalmente para um passeio de lancha no Paranoá.

Um técnico em comunicações, famoso pela virulência de seus artigos em jornal, provou por ‘a’ mais ‘b’ que a situação topográfica de Brasília impediria a telefonia, o telex, qualquer meio tecnológico de comunicação. JK mandou-lhe um telegrama no dia seguinte ao da inauguração da cidade.

Politicamente, Brasília criou problemas que não podem ser creditados exclusivamente à sua existência. O isolamento inicial facilitou algumas crises institucionais, inclusive o golpe de 64. Mas criou condições favoráveis à máquina administrativa, nem sempre voltada ao bem do país.

Atualmente, no momento de seu cinquentenário, Brasília passa por grave crise política, que, pelo menos até agora, não teve desdobramento nacional. Neste particular, funciona como uma província, uma paróquia. Para­­doxalmente, talvez seja o sinal de sua maioridade histórica.

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