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Rio de Janeiro – Para explicar e justificar a sua posição política e ideológica de hoje, o presidente Lula referiu-se à idade, que ainda não é muita, dizendo que uma pessoa velha que insiste em ser da esquerda deve ter problemas, do mesmo modo que um jovem direitista deve ser problemático.

Está na cara que ele tomou a si mesmo como referencial desta frase com um bafio acaciano, que lembra o professor Fernando Henrique Cardoso, useiro e vezeiro em repetir as retumbantes obviedades do conselheiro Acácio.

Desde os tempos da Revolução Francesa, quando se criou o conceito de esquerda e direita, sabe-se que, na juventude, o homem tende a ser incendiário e, na idade madura, prefere ser bombeiro. Para o cidadão comum, uma e outra posição têm uma retórica própria e inofensiva. Para um político profissional, revela mudança de camisa ideológica e, em alguns casos, moral e ética.

O próprio Lula se enquadra num e noutro caso: incendiário na mocidade, bombeiro na maturidade. Ainda bem. Que seria de nós se nosso presidente fosse incendiário? Já temos problemas e aflições suficientes com o presidente que tenta apagar incêndios que ele gostaria de ter provocado quando era sindicalista e político de oposição.

Da mesma forma que FHC se diz social-democrata, repelindo o neoliberalismo que marcou o seu governo, Lula se declara centro-esquerda, um escalão oportunista do espectro político. Sabemos que o centro é como aquela anedota do português que comprou o relógio que lhe foi vendido como sendo de ouro. Um amigo negou que fosse de ouro. Ao ser perguntado por um outro amigo se o relógio era de ouro, ele disse que às vezes era e às vezes não era. O centro é uma posição cômoda de quem é uma coisa ou outra de acordo com as circunstâncias e os interesses pessoais.

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