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Instituída pelo Papa Pio XI, esta festa surgiu, pelo contexto da época, com um caráter marcadamente militante e social. Proclamamos Cristo centro e Senhor da história, desde o começo até sua consumação: "O Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim" (Ap 22,12-13). O Evangelho de hoje é uma descrição profética do juízo final.

O filho do homem chega a sua glória, como rei, para julgar todos os povos e confirmar seu modo de viver conforme a misericórdia praticada com os excluídos, os pobres. Ele, como Pastor, separará as ovelhas dos cabritos e dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei o Reino como herança! Porque eu tive fome, sede, era estrangeiro, estava nu, doente, preso e fostes solidários comigo e eu vos declaro: todas as vezes que fizestes a um destes mais pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes". Ele identifica-se com cada necessitado, seu irmão.

O Ressuscitado julgará "todas as nações" sem distinção: os que creram serão julgados pelo cumprimento do Evangelho; os que não são cristãos, pela fidelidade à ética, à verdade e à justiça. O critério da separação é a prática da justiça, do direito e da misericórdia. A lei maior é o amor ao próximo. A sentença faz-se em forma de bênção e maldição; a aprovação será "herdar o Reino". O castigo, o "fogo eterno":

Lembrança do mal e de suas inevitáveis conseqüências. Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que tem sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também, faziam parte das recomendações.

Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se Ele está nos irmãos, Ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos. O Reino de que Jesus fala é um Reino não de poder, mas sim de serviço: "O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir" (Mt 20,28). Esse é o critério do julgamento. Entrar no Reino supõe que os discípulos tenham seguido os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados.

Neste domingo, celebrando a realeza de Jesus, ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna? Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? "Entre nós está e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos".

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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