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Não existiria vida como a conhecemos sem fósforo. Ele é fundamental na decodificação da informação contida no DNA para o funcionamento de células, assim como a conservação e transferência de energia.

O que fizemos até agora foi aproveitar da vida fácil de pegar fósforo nas jazidas minerais e aplicar em grandes quantidades no solo. De lá, depois de uma breve passagem pelo trato digestivo humano, muitas vezes nem isso, ele tem terminado no único lugar em que pode causar problemas, em rios, córregos, lagos e no mar.

A época do fósforo fácil está acabando, assim como as jazidas. As maiores estão na China e Estados Unidos, mas a maior de todas está no Marrocos. Talvez depois de esgotadas as duas menores, o Marrocos seja a próxima Arábia Saudita do mundo, ditando os preços de um recurso fundamental para a agricultura desperdiçadora como a concebemos. Grave o nome Bou Craa. É de lá que vem boa parte do fósforo por trás da comida que brasileiros e indianos produzem. Os norte-americanos e chineses conseguem manter-se com suas própria produção.

O pico da produção de fósforo deve acontecer em 2030. Os preços devem subir, mas pode ser antes. Em 2008, o preço do fosfato subiu oito vezes.

Assim como com todos outros recursos naturais, este não é um problema de fácil solução. De um lado precisamos de plantas eficientes no uso de fósforo e como não é rápido obtê-las, é bom começar rápido. Também é bom seguir o padrão nutricional japonês, pródigo em vegetais e parco em animais. Programas de reciclagem de matéria orgânica em escala também ajudam não só por reciclarem fósforo, mas também porque solos mais ricos em matéria orgânica irão usar melhor o fósforo disponível.

A outra vantagem de reciclar fósforo é que, ao contrário de muitos outros recursos naturais, o fósforo reciclado é melhor que o retirado da jazida, não só porque vem junto com matéria orgânica, mas também porque sua radioatividade é menor.

Não é muito divulgado o fato de que as jazidas de fosfato estão associadas às de urânio. Uma fábrica de adubo fosfatado na Síria, por exemplo, está sendo monitorada de perto pelos israelenses, que crêem que ali também está sendo produzida matéria prima para bombas atômicas. Em uma jazida canadense o teor de urânio chega a 15%.

Portanto, a adubação repetida com adubos fosfatados é também um enriquecimento de solos agrícolas com urânio. Nesses solos são plantados os cereais, frutas e verduras que você come, e onde também co­­mem os bois que você come. A rocha fosfatada não é só matéria-prima para adubos. A ração animal leva fósforo e bebidas carbonadas também. A indústria de bebidas monitora a quantidade de urânio em seus produtos?

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