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Cresci ouvindo minha mãe falar "Odeio máquinas!" Elas eram todas de responsabilidade de meu pai, excluindo sua, até hoje querida, máquina de escrever. Ambientalistas de variadas extirpem nutrem igual impaciência tecnológica. Adoramos ouvir o idilismo ingênuo de "Casa no campo" e imaginar como seríamos felizes morando em uma casa de tamanho ideal de pau a pique e sapê.

Sem esquecer que o frugalismo é o único caminho que pode nos tirar da enrascada ambiental em que nos metemos, é necessário também lembrar assim como nós fizemos as ferramentas, também elas nos fizeram.

O cérebro humano só pôde desenvolver-se em sua plenitude quando passamos a contar com a densidade energética da alimentação carnívora, mas como um animal que não corre muito, não é muito forte e não voa pode caçar? Ele caça com as ferramentas que inventou, assim como coleta também, usando cestos, outra ferramenta que nos moldou como espécie. O cozimento dos alimentos influenciou até nossa anatomia craniana, com a redução de nossa mandíbula abrindo espaço para o neocórtex, a sede do pensamento subjetivo. Até nosso polegar opositor, que nos difere de outros primatas, foi se desenvolvendo para melhorar nossa destreza com lanças e arcos.

A evolução da espécie humana não parou um só segundo nos últimos 100 mil anos, e nem sempre ela nos brindou com um presentão como um neocórtex. Recentemente ganhamos também um barrigão. (Veja um gráfico interessante sobre os principais avanços tecnológicos dos últimos cem anos em meu blog ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com. A maioria deles é gerador de barriga).

Para onde vamos então, interagindo com máquinas que criam máquinas cada vez mais rápido? Será o futuro um lugar parecido com o filme Matrix, em que colocaremos uma porta USB nos bebês assim que nascem (que ao menos resolvam esta desgraça do plug USB estar sempre do lado errado), ou talvez tenhamos implantes por todo o corpo como os Borgs de Jornada nas Estrelas?

Uma preocupação de prazo mais curto em nossa relação com as máquinas é para onde elas levarão o planeta. Se por um lado as máquinas estão fazendo mais com menos (veja também em meu blog um gráfico sobre a evolução do gasto de energia em computadores), também nunca tantos dependeram de tantas máquinas, e seu uso em grande escala causa uma série de problemas ambientais.

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