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Costumo assistir a uma série chamada Hoarders, exibida no Brasil com o nome Acumuladores. É um programa bem impressionante, que mostra pessoas com casos seríssimos de acumulação, em que é necessária uma intervenção da família e de especialistas para tirar a pessoa daquele estado, limpar a sua casa e tentar devolver a normalidade à sua vida. No último episódio que vi, a equipe de limpeza do programa tirou nada menos que 20 toneladas de lixo, que incluiam roupas velhas, jornais, papéis, fezes de animais, carcaças de ratos, panelas sujas, comida estragada e outras coisas bem nojentas. Para quem não tem uma boa ideia do que são 20 toneladas, são 4 mil daqueles sacos de arroz maiores.

Esse caso era tão grave que a equipe não conseguiu terminar todo o serviço a tempo. Mesmo depois de retirar as 20 toneladas de lixo, a casa continuou suja, e a remoção de todo aquele entulho revelou muitos problemas estruturais. Foram meses de esforço dos familiares para voltar a casa ao normal depois da saída de equipe de limpeza.

Nós, brasileiros, somos os acumuladores do mundo. Temos todo tipo de lixo na política nacional, e nos últimos 12 anos nossas pilhas de detritos cresceram assustadoramente. Parece que nunca conseguimos jogar nada fora – veja o caso de Fernando Collor, que mesmo depois do impeachment foi eleito senador, e continua vivendo à custa do povo brasileiro. Nos casos graves de acumulação, a casa acaba interditada por oferecer risco de vida aos moradores e aos vizinhos. O Brasil está chegando a esse estágio, e é por isso que se faz tão necessária a intervenção das pessoas lúcidas, das que olham para as pilhas e pilhas de lixo e dizem: isso tem de ir para o aterro, imediatamente.

Nós, brasileiros, somos os acumuladores do mundo. Parece que nunca conseguimos jogar nada fora – veja o caso de Fernando Collor

O problema com o nosso lixo é que ele é vivo, e luta para não ser jogado fora. Vide o governo Dilma, que se arrasta por Brasília desde o começo do ano, e que vinha tentando se manter na casa a todo custo, a ponto de ter tentado a manobra absurda de nomear Lula como ministro. A passagem oficial do PMDB para a oposição selou, felizmente, o destino desse governo. Resumindo, o PT acabou e Dilma não conseguirá aprovar nem a compra de brioches para seu café da manhã se isso tiver de passar pelo Congresso. E o corolário dessa realidade é que seu impeachment tem tudo para passar tranquilamente pelas duas casas.

Não será fácil remover as muitas toneladas de lixo do governo. Nesses 12 anos, o PT espalhou dezenas de milhares de militantes na máquina pública. Foi um dos maiores aparelhamentos que o planeta já viu, uma marca impressionante até para o governo que nos trouxe o maior escândalo de corrupção da história mundial. E ainda temos um monte de porcarias que continuarão presentes através de PMDB, PSDB, PSB e tantos outros partidos que pegarão nossa esquálida carcaça para roer. Como na casa da senhorinha que mencionei, o visual não será nada bonito quando Dilma fechar a porta do Planalto e entregar as chaves ao novo inquilino.

Mas, principalmente para os que costumam dizer que o PT é apenas mais um partido corrupto, eu tenho a convicção de que o lixo mais tóxico sai junto com Dilma no dia da mudança. A motivação da corrupção petista é diferente de tudo o que já tínhamos visto; um partido que rouba para perpetuar seus roubos é, certamente, muito mais perigoso para a democracia do que um que rouba para enriquecer seus integrantes. Nossa prioridade nessa limpeza é acabar com essa estrutura maligna que Lula montou para comprar poder com dinheiro público. Com a casa desobstruída será possível enxergar os pontos críticos e fazer as reformas urgentes que são necessárias. E há ainda a expectativa positiva que poderá trazer de volta muitos dos investidores estrangeiros que debandaram daqui desde a reeleição de Dilma.

Quanto a nós, que seja nossa última recaída. Chega de acumular lixo.

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