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 | Gabriel Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Gabriel Rosa/Gazeta do Povo

O leitor de folga conhece a história deste 1.º de maio? Parece que tudo começou em Chicago, nos EUA, no ano de 1866. Trabalhadores saíram às ruas reivindicando nesse dia, dentre outras coisas, a redução da jornada de 13 para oito horas diárias. A população em geral abraçou a causa e saiu junto protestando.

Dias depois teve outra manifestação, mas aí deu treta. Vai ver o governador da época era estilo Requião, ou seja, tratava reclamação de trabalhador com ameaça de “cacete e cadeia” – lembram disso, leitores parananenses? Enfim, o pau comeu em Chicago, três manifestantes morreram. Aí, já viu... No dia 4, foi a vez de os manifestantes matarem policiais: sete deles foram assassinados por bombas atiradas por “trabalhadores”. Aí, já viu... Os policiais revidaram atirando, matando uns 12, com dezenas de feridos.

Os trabalhadores têm hoje muito pouco a comemorar, à exceção do fim do imposto sindical

Para homenagear os mortos que não eram policiais, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida em Paris no dia 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, a ser comemorado todo 1.º de maio de cada ano. Missão dada, missão cumprida. O 1.º de maio seguinte foi marcado por greve geral e manifestações em cidades de vários países, como Alemanha, Áustria, Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Grã-Bretanha, Itália e Suíça. A partir dali o dia passou a ser chamado de “Dia do Trabalho”, comprovando o poder de influência, comando e organização dos socialistas sobre os trabalhadores.

No Brasil, parece que a onda chegou em 1896, mas só ganhou força mesmo no século 20, mais especificamente 100 anos atrás, quando tivemos uma greve geral paralisando indústria e comércio. Em 1924, o 1.º de maio foi oficializado como feriado nacional. Mas, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, o que era um dia para protestar por melhores condições de trabalho passou a ser mais de celebração de “conquistas” sindicais. Vargas, esperto como ninguém, passou a usar o dia para anunciá-las, como, por exemplo, quando instituiu o salário mínimo em 1940; ou, como no ano seguinte, com a criação da Justiça do Trabalho. Desde então o dia 1.º de maio passou a se tornar o que é hoje: espécie de festa sindical, com desfiles e showmícios.

Mas nunca antes na história deste país os interesses sindicais estiveram tão distantes dos trabalhadores, e a tal da “greve geral” de sexta passada mostrou isso de vez. Nem de longe houve a adesão popular que os sindicatos que a convocaram desejariam e profetizavam, revelando sua índole autoritária – e por vezes criminosa – ao tentarem obrigar à força que as pessoas aderissem a seu movimento. Não que os trabalhadores aplaudam as reformas que estão sendo analisadas no Congresso, mas menos ainda se sentem representados por quem claramente atua menos em defesa de seus direitos que de interesses próprios ou ideológicos, como se viu no processo de impeachment e se vê na defesa cega que muitos sindicatos fazem de corruptos denunciados pela Lava Jato.

Por isso, os trabalhadores têm hoje muito pouco a comemorar, talvez apenas uma coisa, ainda por se confirmar: o fim da contribuição sindical obrigatória, o tal do imposto sindical. Quem sabe assim o 1.º de maio volte a ser seu. Porque do jeito que está é melhor chamar de “Dia do Sindicato”. Faria mais sentido, não?

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