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Um daqueles gregos disse que a filosofia nasce do espanto. E tinha toda a razão. Nos rostos das crianças durante a chegada do Papai Noel, notamos expressões simultâneas de espanto e alegria. Em seguida, os dois sentimentos se traduzem em um terceiro: o entusiasmo.

Entusiasmo. Gosto dessa palavra. Tem origem grega, como tantas coisas e conceitos em nossa civilização. Enthousiasmos quer dizer "inspiração divina". Uma pessoa entusiasmada está repleta de Deus – e esse estado de alma pode ser visto e até tocado com as mãos.

Pedro ficou surpreso quando me viu na apresentação de Natal da sua escola. Disse bem alto para os amigos: "Papai! Papai! É o meu papai Paulo!" Ele não esperava encontrar-me na escola no fim da tarde, quando geralmente estou no trabalho. Espanto, alegria, entusiasmo: a mesma sequência universal de emoções.

Muita gente diz não gostar do Natal. Alguns odeiam tanto a festa que chegam a parecer discípulos do personagem Grinch. Há quem defenda a extinção da festa. Em Cuba, a propósito, o Natal foi proibido até 1998.

As duas principais críticas ao Natal são mutuamente contraditórias. Um grupo defende o fim do Natal em respeito ao "Estado laico". Já que nem todos acreditam em Deus, não haveria motivo para festejar coisa alguma em 25 de dezembro. O segundo grupo diz que o Natal virou uma festa consumista e materialista, servindo apenas para aquecer o comércio. Perguntam: "Onde está Jesus?"

Aos defensores do Estado laico, sugiro que encaminhem proposta de extinção do Natal à Câmara dos Deputados e ao Senado da República. O endereço é simples: Praça dos Três Poderes, Brasília (DF). Quem sabe dá certo...

Aos que pedem um Natal menos materialista, sugiro que proíbam as crianças pobres de escreverem cartas ao Papai Noel. Afinal, isso é um consumismo inaceitável, não?

Devo lembrar que os Evangelhos não fixam nenhuma data para o aniversário do Messias. O dia 25 de dezembro foi escolhido para coincidir com festas pagãs do Império Romano. A proximidade com a virada do ano também é providencial.

O filho de Maria permaneceu oculto não apenas no nascimento, mas durante a maior parte da existência. Temos pouquíssima informação sobre os primeiros 30 anos de Cristo. Tudo na vida de Jesus – e na vida de qualquer ser humano – tem um sentido específico no plano da salvação. Seu ocultamento por três décadas não foge à regra.

Por isso, quando me perguntam sobre a presença de Jesus no Natal, eu sinto espanto, alegria e entusiasmo. E respondo com a frase que aprendi na missa: Ele está no meio de nós.

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