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Lançado este mês, o livro "O Império das Casas Abandonadas: crianças e adolescentes ‘de rua’ e a polícia", de começo a fim, podem-se perceber as preocupações do autor, tenente-coronel Roberson Luiz Bondaruk, ao escolher um tema da maior gravidade para ser objeto de reflexão também na área jurídica do ensino universitário. De fato, a obra retrata a situação em que vive parte da nossa gente brasileira. Com maior acerto, é um trabalho de grande admiração e valoração, muito mais do que uma monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de graduação em Direito da PUCPR.

É um trabalho de valor que interessa a todos os segmentos da sociedade. No primeiro capítulo, o autor analisa a conjuntura atual e apresenta a realidade vivenciada por crianças e adolescentes em situação de risco. No capítulo seguinte, faz um estudo da polícia, desde a sua formação histórica até o presente momento. No terceiro capítulo, perscruta a estrutura de proteção dos direitos da criança e do adolescente e dos órgãos públicos. Por último, relaciona elenco de propostas para a resolução de problemas levantados. Como conclusão, o escritor faz um alerta: "Se a sociedade não der a devida atenção àqueles que são meninos de rua hoje, num futuro não muito distante pagará um preço muito alto por essa omissão".

Roberson Bondaruk mostra com precisão um lado da face do sofrimento social, em que a dor da violência, a desestruturação da família e a falta de amor ao próximo transparecem em cada criança e adolescente abordados. Ninguém pode se acomodar ou se conformar frente a situações tão graves. As responsabilidades são afetas a todos, mas principalmente aos pais, educadores, instituições educacionais, Igreja, autoridades, lideranças e meios de comunicação.

Este livro não se encerra nos conteúdos, ensinamentos, revelações e advertências que traz à luz. É subsídio da maior riqueza para pessoas, autoridades e organizações que querem ver, reconhecer, dimensionar e promover a recuperação de tecidos da humanidade sofredora e da sociedade contemporânea enferma.

Como educador, entendo que o processo de construção da personalidade e da espiritualidade das crianças, adolescentes e cidadãos responsáveis começa com o afeto e o amor dos pais, alicerçado, na etapa seguinte, por uma educação integral e sólida, embasada em princípios morais, éticos e religiosos. A família bem constituída é célula do bem; a família mal-estruturada pode ser indício e projeção de misérias. Por isso família, educação, religião e amor são primas-irmãs da liberdade, da justiça, da integridade e da paz social.

Historicamente, a família e o amor a Deus e o amor ao próximo sempre foram dimensões sólidas da vida, da segurança pública e do bem comunitário. O amor não é sofisma moral; é, isso sim, o comandante supremo, a gênese, a fecundidade, o princípio e o fim da dignidade. Com absoluta segurança, a família bem constituída e bem orientada desconhece muitos desencantos da sociedade retratada nesta obra, conseqüência das deformidades, dilacerações do amor, inferioridade, indiferenças, competições egoístas, desunião, drogas, prostituição e sexo como objeto de prazer.

O compromisso da Editora Champagnat da PUCPR e das entidades que colaboraram na publicação desta obra tem como alicerce o senso da responsabilidade participativa. O grande sonho da Universidade e do autor desta publicação é que o mundo se transforme numa família, na qual haja verdadeiramente perdão e comunhão, aceitação das diferenças e fraternidade.

Neste Natal, o sonho do Menino Jesus é que se inicie um mundo sem fronteiras, no qual todos sejamos de fato irmãos na fé, na união familiar e no respeito social.

Clemente Ivo Juliatto é reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.

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