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| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A inflação oficial do Brasil é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cujo cálculo é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de pesquisa de preços realizada em estabelecimentos comerciais, domicílios, prestadores de serviços e concessionárias de serviços públicos. As categorias pesquisadas são alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário, cada uma com seu peso porcentual no consumo nacional. Essas categorias são divididas em 465 subitens, que basicamente cobrem aquilo que é consumido por famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários, em 11 regiões metropolitanas. A meta de inflação fixada pelo Banco Central (BC) para 2017 é de 4,5%, admitindo-se variação de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Essa é, também, a meta para 2018.

O IPCA dos últimos 12 meses está em 2,70% – portanto, abaixo do piso da meta, que é de 3%, e muito abaixo do centro da meta, 4,5%. As previsões de inflação para 2018 são as mais variadas, mas as maiores apostas ficam nos 4%, que é uma inflação baixa para os padrões brasileiros. A questão essencial nesse panorama é saber quais consequências positivas ou negativas o IPCA baixo traz à economia. De saída, caso a inflação fique baixa e o PIB efetivamente cresça, há dois bons efeitos para as contas públicas: a arrecadação tributária aumenta e a taxa de juros (Selic) que o governo paga sobre os títulos públicos pode cair. Mais receita tributária e menor conta de juros são duas variáveis úteis na redução do déficit das contas do governo, tudo a depender de como o setor público consolidado (municípios, estados e União) venha a gerir suas finanças.

Caso a inflação fique baixa e o PIB efetivamente cresça, há bons efeitos para as contas públicas

No âmbito dos investimentos – sobretudo em infraestrutura física e infraestrutura empresarial –, os maiores investidores são o governo, as empresas nacionais e os investidores estrangeiros. No caso dos investimentos vindos do exterior, o mais relevante são aqueles destinados a elevar o estoque de capital físico do país e expandir o setor empresarial. Esses dependem basicamente de um cenário de recuperação do crescimento, estabilidade política, inflação controlada, estabilidade da taxa de câmbio e de boas leis sobre investimentos estrangeiros. Para tanto, a inflação baixa é boa.

Já para os dólares que vêm do exterior para aplicação em ativos financeiros, sobretudo em títulos públicos, a lógica é outra. Os fundos internacionais vêm para o Brasil para compra de títulos públicos e ativos financeiros privados, e as duas variáveis mais importantes para a decisão dos aplicadores são a taxa de juros (Selic) e a taxa de câmbio. Um investidor estrangeiro olha com cuidado o preço do dólar quando manda seu dinheiro para o Brasil e quando resgata sua aplicação e leva seu dinheiro para o exterior; logo, é a soma da taxa de juros com a variação cambial entre os momentos de entrada e saída que definem o rendimento das aplicações.

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Vale mencionar que a inflação baixa atual tem causas negativas, como a recessão, o alto desemprego e a queda do consumo. A questão é saber se a inflação seguirá baixa quando o Brasil recuperar o crescimento do PIB, reduzir o desemprego e o consumo subir. Os investidores estrangeiros estão olhando esses aspectos e, também, a estabilidade política e as leis sobre investimento estrangeiro no país. Além disso, como a infraestrutura física tem o setor público como seu maior controlador, as parcerias público-privadas, as leis de concessões e as regras de tributação sobre lucros e ganhos de capital são importantes para estimular ou desestimular a vinda de dinheiro de fora.

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