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O balanço da Petrobras de 2014, divulgado com cinco meses de atraso, revela que em seus 12 anos de governo o PT conseguiu a façanha impensável e inaceitável de estrangular a maior empresa brasileira. Mesmo operando sob regime de monopólio, sem nenhum concorrente interno e produzindo derivados de petróleo que não têm sucedâneos, a Petrobras conseguiu afundar em prejuízos, dívidas, desvalorização de ações e um gigantesco esquema de corrupção que suplantou em muito os valores desviados com o mensalão.

A Petrobras foi vítima de três tragédias: o represamento de preços feito pessoalmente pela presidente Dilma; a brutal incompetência administrativa de sua diretoria nas decisões de investimentos; e os crimes de corrupção envolvendo funcionários, diretores, empreiteiros e políticos. Trata-se de um exemplo macabro de quanto mal pode ser produzido por governantes ineficientes e/ou corruptos, sobretudo quando dirigem uma empresa estatal monopolista, da qual o governo é o responsável direto – ainda mais quando a presidente da República foi presidente do Conselho de Administração da companhia e ministra das Minas e Energia.

O balanço de 2014, recém-divulgado, apresenta prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, contra um lucro de R$ 23,6 bilhões em 2013. Para entender o prejuízo é preciso tomar o lucro das operações, que foi de R$ 36,4 bilhões, e fazer as seguintes deduções: R$ 6,2 bilhões contabilizados como perdas com a corrupção (estimativa do dinheiro de propina para funcionários, diretores e políticos, conforme vem se apurando na Operação Lava Jato); R$ 9,8 bilhões com a queda do preço do petróleo; R$ 21,8 bilhões referentes a perdas no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj); R$ 12,1 bilhões relativos à refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; R$ 4,5 bilhões de perdas em contratos com o setor elétrico; e, finalmente, R$ 3,6 bilhões em outros projetos.

O PT privatizou a Petrobras em favor dos políticos que a manipulam e dos burocratas que a dirigem

O prejuízo final teria sido muito menor se não fosse a decisão da presidente Dilma de não autorizar aumentos nos preços dos derivados de petróleo em seu primeiro governo. As perdas impostas à empresa pelo governo, em função do represamento dos preços a fim de segurar a inflação, ajudaram a agravar o gigantesco prejuízo resultante da corrupção e da incompetência de sua diretoria. Essa política ajudou a formar a imensa dívida líquida da Petrobras, que passa dos R$ 280 bilhões e cujos juros provocarão sangramento no caixa da empresa e na perspectiva de lucros futuros.

Todo esse quadro apresenta-se mais grave pelo fato de a Petrobras ter uma legião de acionistas no Brasil e no exterior, que foram estimulados pelos governos do PT a investir na empresa e a acreditar em seu futuro. Os descalabros dos crimes de corrupção patrocinados por diretores nomeados por Lula e por Dilma, em parte para dar dinheiro a políticos da base do governo, estão inscritos entre os maiores escândalos corporativos do planeta. Mas não foi só isso: chama a atenção o brutal volume de prejuízos oriundos da péssima administração da companhia e da demagogia do governo, refletidos nas perdas do Comperj e da refinaria Abreu e Lima. É uma obra de destruição gigantesca levada a cabo por um governo estatizante que passou a vida dizendo-se defensor das empresas do governo e dos interesses da nação.

Projetos superfaturados, obras malfeitas, decisões de investimentos erradas e práticas de gestão amadoras – tudo muito estranho para uma companhia da dimensão da Petrobras – são alguns dos elementos do circo de horrores no qual se transformou a maior empresa brasileira. O PT privatizou a Petrobras em favor dos políticos que a manipulam e dos burocratas que a dirigem. E, do jeito que a companhia está, ela não atende mais aos interesses nem dos acionistas nem da nação. Se a nova diretoria vai recuperar a empresa é algo a conferir – porém, difícil de acreditar.

O governo, que já vem sendo um mau gerente por sua própria constituição de aparato político sem vocação para o empreendedorismo e para a gestão voltada à eficiência e à meritocracia, conseguiu agravar o que já era sistemicamente ruim. Durante muitos anos, Lula e Dilma fizeram um discurso falso sobre a realidade da Petrobras e das perspectivas da empresa e mentiram para os trabalhadores que, ainda no mandato de Fernando Henrique Cardoso, haviam sacado dinheiro do FGTS para comprar ações da estatal. Eles ainda têm o despautério de dizer à população que são defensores da empresa, quando são os responsáveis pelo estrangulamento revelado no balanço divulgado.

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