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As chuvas que caíram sobre o Centro-Sul desde o período natalino e agora avançam para o Brasil Central causaram perdas severas de vidas humanas e de bens, representando um dos efeitos imediatos do aquecimento global que está alterando o clima da Terra. Além da morte de mais de 50 pessoas, centenas estão desabrigadas nos estados do Rio, São Paulo e Minas – perdas ocorreram também no interior do Paraná, e a reconstrução das casas e estradas danificadas se prolongará por mais de seis meses; ao lado da contabilização de outros prejuízos, nas cidades e no campo.

Tais situações são lamentáveis, mas os problemas ainda refletem ocupação desordenada do território na faixa litorânea brasileira, onde a formação geológica torna os solos instáveis e sujeitos a deslizamentos. Uma fonte do governo federal admitiu que se as administrações municipais tivessem observado as regras dos planos diretores, haveria menos casas em fundo de vales, na encosta de morros ou edificadas sem requisitos de segurança construtiva; o que minimizaria os danos das pesadas precipitações atmosféricas nas últimas semanas.

Portanto, ao auxiliarem a reconstrução, as autoridades devem porfiar para que as administrações locais evitem a repetição do erro. Construir nos solos instáveis da faixa Leste brasileira é condenar os moradores a conviver com o risco permanente de desabamentos e perdas. Há muita terra pelo Brasil afora e espaço a ser utilizado para promovermos uma distribuição espacial mais adequada da população.

Ao mesmo tempo, as comunidades podem e devem se tornar co-responsáveis pelo próprio bem-estar com ações simples: evitando jogar lixo nas ruas e valas, senão depois esse material vai obstruir cursos de água e causar inundações; promover a arborização e áreas verdes para a retenção do excesso de água das chuvas; observar as limitações para construir, etc. A regra, observada pelas autoridades municipais de Curitiba, reduziu os riscos de inundações a que estávamos acostumados até há algumas décadas. Mais, um canal extravasor construído em paralelo ao leito do alto Rio Iguaçu eliminou em definitivo o problema vivenciado antes por bairros costeiros.

Doutro lado, especialistas em meteorologia indicam ser o excesso de chuvas no começo do ano decorrência do fenômeno climático El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e influi no regime de ventos da atmosfera superior, trazendo nuvens carregadas de vapor de água para a Região Centro-Sul do Brasil. Essa perturbação ambiental também acarreta seca mais severa no Nordeste brasileiro e danos em outras regiões, como estiagens na Austrália e temporais nas costas asiáticas.

Agora que as precipitações começam a melhorar, é hora de nos voltarmos para a correção do problema, adotando medidas para reduzir o aquecimento global. Em vez de ignorar os avisos da Natureza, cumpre passarmos a restringir a emissão de gases nocivos, desde países industrializados, como acaba de anunciar a União Européia, até o Brasil e outros emergentes.

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