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Bloco regional formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, o Mercosul está longe de ser o mercado comum que inicialmente se imaginou, não concluiu seus acordos, não conseguiu harmonizar suas políticas econômicas e não avançou. Principalmente após a entrada da Venezuela no bloco, o projeto ficou desfigurado. Com a marcha célere do governo de Nicolás Maduro para transformar a Venezuela em uma ditadura explícita, como bem mostra a tentativa recente de transferir competências do Legislativo para o Judiciário, a reunião do Mercosul deste início de mês teve como foco a possibilidade de expulsar a Venezuela e, mais uma vez, os assuntos econômicos do Mercosul não foram adiante. Os membros do bloco formam atualmente um grupo de países com mais diferenças do que semelhanças, é longa a lista de pendências e os acordos não avançam.

A Venezuela vem se deteriorando progressivamente e o país tornou-se um monstrengo político que contraria uma das condições do Mercosul: a de que seus integrantes devem respeitar a democracia e os direitos humanos. Até para firmar acordos internacionais com outros blocos, o Mercosul precisa provar que seus membros respeitam a cláusula democrática, algo impossível no momento atual, o que é um problema grave, já que estão em andamento negociações para aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Colômbia, Peru e México.

Os membros do Mercosul formam atualmente um grupo de países com mais diferenças que semelhanças

Os países da América Latina, em geral, e os do Mercosul, em particular, dispõem de matérias primas, commodities alimentícias e minerais em volume suficiente capaz de gerar excedentes exportáveis e propiciar a obtenção de receitas em divisas internacionais necessárias à importação de máquinas, equipamentos e, sobretudo, tecnologias avançadas para modernizar seu parque produtivo e induzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

O “problema Venezuela” ainda parece longe de alguma solução, seja pela expulsão do país do bloco, seja pelo recuo de Nicolás Maduro em seus arroubos ditatoriais. A situação se complicou de tal forma que o Tribunal Supremo de Justiça devolveu ao parlamento as competências tiradas por Maduro. Foi decisivo para esse recuo do Poder Judiciário o movimento de protestos contra as medidas ditatoriais do governo venezuelano e a possibilidade de explosão de conflitos contra o aprofundamento das inclinações ditatoriais do governo.

Com a Venezuela no bloco, o Mercosul tende a travar e não conseguir se aproveitar das oportunidades geradas pela aproximação já iniciada com os países-membros da Aliança do Pacífico e por um dado econômico positivo: a recessão da América Latina começa a ficar para trás, com o PIB da região devendo crescer 1,3% em 2017. Por mais positivos que tenham sido os resultados de uma reunião de ministros de ambos os blocos na última sexta-feira, a questão venezuelana, mais cedo ou mais tarde, voltará à mesa e pode atrapalhar as negociações.

A integração comercial com a Aliança do Pacífico é oportunidade para alavancar o comércio multilateral e acelerar a recuperação das economias dos países do Mercosul, além de criar condições para atração de tecnologias e investimentos para a infraestrutura física necessária ao crescimento de longo prazo às economias do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, que parecem estar deixando para trás o protecionismo característico de governos anteriores, especialmente no Brasil e na Argentina, as duas principais economias do bloco.

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