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Conclusão de pesquisadores e líderes empresariais que participaram de seminário promovido pelo Centro de Economia da Criatividade e da Inovação, da Escola de Direito da Universidade George Washington, e pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP: o Brasil tem talento empreendedor de sobra e pesquisa científica de excelência, mas, sem um ambiente encorajador para a inovação, não conseguirá transformar conhecimento em desenvolvimento econômico.

Entre os pontos fortes para a inovação, o diretor do Centro de Economia da Criatividade, Michael Ryan, apontou o alto investimento em pesquisa básica nas universidades, recursos humanos de qualidade e publicações de artigos científicos de impacto internacional. A pesquisa, no entanto, não chega ao mercado porque "o ambiente é pouco motivante para a inovação."

Para reverter o quadro, fazendo com que as empresas invistam mais em pesquisa e desenvolvimento, seria preciso agir em vários campos, simultaneamente, segundo o professor norte-americano, em entrevista à agência Fapesp. É complicado abrir uma empresa, há políticas que devem ser modificadas, o sistema de patentes precisa se tornar mais eficiente e o acesso ao capital de risco, melhorar. O resultado é a falta de ambiente propício, o que deixou o Brasil atrás de países como China e Índia quando se trata de capacidade de transformar o conhecimento em valor.

Mas é de Michael Ryan, ainda, a observação de que é preciso ter cuidado nas comparações. É impossível copiar integralmente os modelos daqueles dois países. "Seria interessante para o Brasil formar mais recursos humanos nos EUA e Europa, como eles fizeram. Mas não seria boa idéia basear o sistema em produtos de baixa tecnologia, como a China, ou centralizá-lo em poucas áreas, como a Índia", em sua opinião.

Com uma política que consiste em criar pequenas empresas tecnológicas que crescem com solidez, Taiwan poderia ser um modelo mais apropriado, mas o ideal é estudar os próprios casos brasileiros de sucesso. E aí ele cita a Embraer e o agronegócio, identificado o que há de especial neles.

Um dos fundadores da Embraer, em 1969, o diretor-presidente da Universidade de Santo Amaro, Ozires Silva, cita o ambiente empresarial e financeiro como principal entrave à inovação. "A carga tributária ultrapassa 40% do PIB. Temos uma burocracia amarrada. Não se trata só de dificuldades ligadas a impostos. Vivemos um ambiente de hostilidade para a inovação", disse.

A questão, evidentemente, não é nova. Em 2005, a III Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, reunindo mais de 2 mil cientistas, empresários e representantes de diversos ministérios, clamava por maior investimento no potencial inovador do país. E o problema não se limitava ao governo: o setor privado destinava apenas 0,42% do PIB para pesquisa e desenvolvimento (P&D), ante uma média de 2% destinada à inovação nos países mais desenvolvidos. Outro indicador negativo: o baixo porcentual de pesquisadores brasileiros em empresa, que não passava de 23%. A questão, pois, continua em aberto.

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