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No momento em que a campanha eleitoral brasileira entra na semana final, é tempo de atenção aos acontecimentos ao redor do mundo, sobretudo o agravamento da situação no Iraque, com o presidente Bush dos Estados Unidos admitindo que as forças norte-americanas enfrentam nesse país o mesmo desafio que levou à crise do Vietnã, há meio século. A generalização da violência em Bagdá e outras regiões iraquianas – com os rebeldes conseguindo tomar o controle de cidades inteiras – levou a uma revisão da estratégia da coalizão liderada pelos americanos, após reunião do presidente com os chefes militares na Casa Branca.

O esforço é para aparar as repercussões do problema no panorama interno, onde o insucesso das tentativas para estabilizar aquele país do Oriente Médio, após a invasão que removeu o governo de Saddam Hussein, causou estragos nas chances eleitorais do Partido Republicano. Mais de 60% dos cidadãos americanos acreditam ter havido equívoco na estratégia implementada em Bagdá, colocando o governo Bush ante duas opções difíceis; enfrentar mais mortes de seus soldados ou tentar transferir as operações a um governo iraquiano fraco ante os grupos sectários locais.

Próximo de enfrentar a decisiva eleição de meio de mandato para o Congresso, o presidente teve uma queda vertiginosa na sua aceitação política que os analistas passaram a considerá-lo um caso irrecuperável. As pesquisas indicam que o envolvimento do grupo republicano governante no caos iraquiano afetou de tal modo a popularidade de George Bush que os políticos de seu próprio partido tratam de manter distância dele, preocupados com as respectivas campanhas pela reeleição.

A crise iraquiana se junta a outra igualmente complexa: a tensão provocada pelo primeiro teste nuclear da Coréia do Norte, após meses de ameaças de ingressar no clube dos países que dominam a tecnologia atômica. O cenário ainda se mostra confuso, com dois membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas – China e Rússia – pressionando por moderação e descartando sanções mais severas pleiteadas pelos Estados Unidos e Japão.

No fim de semana, o assunto parecia encaminhado para uma moratória no desenvolvimento do arsenal nuclear norte-coreano, após as pressões discretas feitas pela China, por um recuo aceitável para a comunidade ocidental. Mas o alívio temporário não foi endossado pela secretaria de Estado norte-americana, Condoleeza Rice, em périplo pela região, o que pode significar desdobramentos preocupantes.

A questão se mantém em suspenso, apesar da diferença de procedimento entre os Estados Unidos e as outras potências com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, que mostram tolerância ao lidarem com atores recalcitrantes como norte-coreanos e iranianos. Essa diferença de percepção tem acarretado prejuízos para a reputação da República americana, construída ao longo dos últimos dois séculos.

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