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Desafios para o crescimento do Paraná
| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Duas questões são consensuais no Brasil. A primeira é que, pelos melhores critérios técnicos de aferição, o país, os estados e os municípios são pobres, a renda média por habitante é baixa, as carências sociais são muitas e o desempenho médio do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nestas duas décadas do século 21 é baixo. A segunda é que não há importantes divergências sobre o diagnóstico da pobreza brasileira e quanto à necessidade de o PIB crescer a taxas elevadas para que a população chegue a 2050 com renda por habitante igual ao dobro da atual. Em grande medida, também não há muitas dúvidas sobre o que a União, os estados e os municípios precisam fazer para o país atingir o desejado progresso econômico.

Voltando o olhar para o estado do Paraná, nos anos 2010 e 2011 – há uma década, portanto –  a imprensa local publicava reportagens sobre o baixo nível de investimentos nos municípios paranaenses, algumas delas destacando o fraco volume de investimentos em Curitiba e sua região metropolitana. Na época foram feitos alertas a respeito do problema, usando como base estudos e estatísticas comparativas com outras regiões do país, revelando que a capital paranaense e as cidades vizinhas vinham recebendo menos investimentos que essas mesmas áreas em outros estados. Se a capital e sua região metropolitana vinham com fraco desempenho em termos de atração de investimentos privados e também com poucos investimentos públicos, a maior parte dos demais municípios não estava melhor, pelo contrário: em geral, a situação era pior do que na capital.

O Paraná tem o desafio de crescer e avançar, seja para se integrar à nova economia e a nova revolução tecnológica, seja para galgar o posto de região desenvolvida nos próximos 30 anos

Matéria publicada em 2010 na Gazeta do Povo apresentava a dificuldade dos municípios paranaenses em abrigar novas empresas, por deficiências de infraestrutura como falta de terrenos, pavimentação, eletricidade, esgoto, água, transporte urbano, vias de acesso, logística e sistemas de circulação. Além da precária situação desses setores, as cidades paranenses não tinham capacidade de atrair novas empresas porque descuidaram de criar e preparar seus distritos industriais. Na época, foi levantada e debatida a necessidade de o estado ter um amplo plano de investimentos, dividido em duas partes: a primeira, sobre investimentos públicos, a serem feitos pela União, pelo estado e pelos municípios; a segunda, sobre como atrair investimentos privados em novas empresas, sobretudo nos setores industrial, de tecnologia e de serviços.

A constatação era de que o Paraná sofria a falta de investimentos feitos pelo setor público e os investimentos realizados por empresas privadas eram pequenos se comparados às necessidades e às potencialidades do estado. Como consequência, a economia estadual como um todo vinha crescendo pouco. A afirmação de que tanto o investimento público quanto o investimento privado vinham ocorrendo a taxas baixas estava, assim, respaldada pelas baixas taxas de crescimento do PIB paranaense. A atual situação econômica do estado não chegou a níveis piores porque sua população não cresceu à mesma taxa média do aumento populacional do Brasil nos últimos 50 anos. O Paraná tem, hoje, 11,4 milhões de habitantes e teria em torno 15 milhões se tivesse crescido às mesmas taxas da população brasileira desde os anos 1970.

Apesar de estar entre os primeiros estados na comparação nacional (isso porque o Brasil é pobre para os padrões mundiais), o Paraná tem o desafio de crescer e avançar, principalmente em seus municípios mais pobres, seja para se integrar à nova economia e a nova revolução tecnológica, seja para galgar o posto de região desenvolvida nos próximos 30 anos. Para tanto, a prioridade tem de ser aumentar significativamente os investimentos públicos (basicamente na rede de infraestrutura física) e os investimentos privados em expansão e implantação de empresas privadas. Já naquela época de 2010/2011, em que esses problemas foram apontados, falava-se na necessidade de um novo “Plano Estadual de Investimentos”, debates foram feitos, o governo do estado andou propondo algo nessa linha, mas, a julgar pela continuação da insuficiência de investimentos, não houve transposição da retórica para a prática.

A responsabilidade não é só do governo estadual e dos prefeitos, mas também das entidades de classe, dos órgãos empresariais, dos trabalhadores, da imprensa e da classe pensante. O estado tem bons exemplos, como o caso de Maringá, onde sucessivos governos municipais e a sociedade civil se uniram em torno de um planejamento de longo prazo que vem rendendo frutos nos campos social e econômico. Mas a cidade ainda é uma exceção. Naquele início da terceira década do século 21, o então governador Beto Richa fazia um discurso que é o mesmo respetido até hoje pelas autoridades estaduais: o estado vive grave crise financeira e não tem recursos para bancar investimentos volumosos em infraestrutura. Os prefeitos falavam as mesmas coisas e, embora mudando os nomes dos chefes do Poder Executivo municipal, mantém-se a cantilena de reclamar da penúria dos cofres municipais. Nesse contexto, o maior desafio é elevar o porcentual do orçamento livre para investimentos no âmbito do setor público, estimular as empresas atuais para expandirem seus investimentos e atrair novas empresas para o estado. O tema do planejameno de investimentos precisa ser ressuscitado.

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