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O nível de investimento do governo federal e dos governos estaduais em obras estruturais – estradas, hospitais, escolas, saneamento básico – é pequeno e está contribuindo para frear o crescimento econômico. Os estados mais pobres da federação do Norte-Nordeste estão gastando mais em infraestrutura do que os estados mais desenvolvidos das regiões Sul-Sudeste. Essas são duas conclusões importantes do estudo sobre a avaliação de gastos públicos, no Brasil, divulgado nesta semana, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O estudo do Dieese compara os investimentos de cada estado brasileiro com o Pro­­duto Interno Bruto (PIB), receita, gastos pú­­blicos e população de cada um deles. Além dis­­so, contrapõe os gastos com a dívida e os investimentos públicos. Mostra também que nível de investimentos do governo federal, apesar de toda a publicidade em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é mais do que preocupante: as inversões brasileiras só são melhores do que as do Turcomenistão, último colocado na lista de 28 países emergentes avaliados. Enquanto esse pequeno país da Ásia Central destinou 1,06% do PIB para novas obras de infraestrutra, entre 2000 e 2007, o Brasil investiu 1,7%. A liderança do ranking é da China (19,54%), seguida por Malásia (12,01%) e Emirados Ára­­bes Unidos (11,46%).

Nesse contexto, segundo a pesquisa, o Paraná não está numa situação confortável. O estudo do Dieese mostra que o governo do estado gastou apenas 0,77% do (PIB) estadual em investimentos de infraestrutura, no pe­­río­­do entre 2001 e 2007. É o quinto pior resultado do país. O desempenho paranaense é pior que a média de investimentos de todos os 26 estados e do Distrito Federal juntos, que chegou a 0,84% do PIB nacional. A lideran­­ça nesses termos, em relação ao PIB interno, é dos estados de Tocantins (8,97%), Acre (7,29%) e Roraima (3,61%).

É bom que se diga que o Dieese, em seu levantamento, não leva em conta os investimentos das empresas estatais e autarquias, apenas da administração direta. No caso do Paraná, por exemplo, não estão computados os investimento da Copel e da Sanepar, que são bastante elevados. Se o critério usado for o investimento nominal, o Paraná é o quinto melhor colocado, com R$ 8,4 bilhões de investimentos entre 2000 e 2007. Neste caso, a liderança é de São Paulo (quase R$ 25 bi­­lhões), seguido pelo Rio de Janeiro (R$ 14 bi­­lhões) e Minas Gerais (R$ 12 bilhões).

Ressalva feita, destaque-se um fato muito recorrente, mas nem por isso menos digno de nota. Os governos estaduais e o Executivo federal concentram os gastos em obras de infraestrutura nos anos de eleições. A postura parte do próprio presidente Lula, que preparou o PAC para sustentar a candidatura da ministra Dilma Roussef. Lula tem anunciado abertamente o direcionamento dos investimentos federais em ano eleitoral. Disse com todas as letras que 2010 terá "o maior número de obras inauguradas neste país".

Por que concentrar os investimentos em infraestrutura, que tanto poderiam ter ajudado a aproveitar a janela de oportunidades econômicas pré-crise, em um ano de eleição? A resposta é a mesma que explica por que o presidente não ousa questionar os atos secretos nem a postura de apego ao poder do presidente do Senado: puro pragmatismo político. Como quer o PT no poder, Lula sabe que precisa do apoio do PMDB e de seu principal cacique, José Sarney. Assim como sabe que obra dá palanque para ele e a candidata que ele espera ver na Presidência a partir de 2011.

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