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É necessário que o governo federal dê uma resposta rápida às denúncias que pairam sobre a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, e seu filho Israel Guerra, independentemente do desgaste político que isso possa representar. À sociedade não interessa se as denúncias apresentadas pela revista Veja terão repercussão sobre a candidatura de Dilma Rousseff (PT), já que Erenice foi seu "braço direito" quando ocupou o Ministério da Casa Civil. O importante neste momento é que o governo federal tome medidas objetivas para esclarecer o que, de fato, ocorreu.

A Veja desta semana traz denúncia de que Israel Guerra teria participado de um esquema de tráfico de influência para beneficiar empresas em contratos firmados com o governo federal. Segundo a revista, o filho da ministra teria recebido comissão de cerca de R$ 5 milhões por sua atuação como lobista em contratos firmados entre a MTA Linhas Aéreas e os Correios.

A reportagem da Veja causou impacto imediato no governo federal. Erenice Guerra pediu que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República investigue sua conduta em relação à notícia publicada. Em documento encaminhado à comissão, a ministra disse que ela e seu filho Israel abrem mão de seus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Já o assessor da secretaria-executiva da Casa Civil Vinícius de Oliveira Castro pediu demissão do cargo. Ele é filho de Sônia Castro, que por sua vez é sócia de Israel e Saulo Guerra, filhos de Erenice na empresa Capital Assessoria e Consultoria. Essa empresa, segundo a revista, é que teria realizado a intermediação de negócios entre a companhia aérea e os Correios.

Entretanto, é necessário que explicações sobre as denúncias sejam apresentadas à sociedade sem se incorrer novamente no equívoco de culpar a oposição, como ocorreu no caso do vazamento de dados fiscais de dirigentes tucanos por funcionários da Receita Federal. Não se combatem denúncias de irregularidades com críticas em propaganda eleitoral, como ocorreu no episódio da quebra de sigilo, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao programa de Dilma Rousseff na televisão para censurar, de forma genérica, adversários políticos. Neste momento, espera-se que o mesmo erro não seja cometido. Do contrário, estará se corroborando com a tese de que o Estado brasileiro foi aparelhado pelo PT e seus aliados. Estará se evidenciando a confusão entre Estado e partido político. É bastante claro que há uma tendência crescente dos políticos brasileiros no aparelhamento do Estado. Atualmente os cargos comissionados no governo federal passam de 23 mil, um número monstruoso se comparado ao da Inglaterra, que possui cerca de 500 cargos em comissão e, até mesmo, aos Estados Unidos, que possui aproximadamente 10 mil.

Como se vê, de imediato, é necessário que o governo federal preste contas à sociedade sobre as denúncias apresentadas pela Veja, sem cair no erro de politizar o debate. Entre­­tanto, em longo prazo, a sociedade terá de pressionar os governantes para que se possa reverter essa tendência de aparelhamento político do Estado, algo que vai contra a democracia e os princípios republicanos inscritos na nossa Constituição Federal.

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