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O discurso multidisciplinar já é um fato. Há exemplos muito próximos, como o das equipes mistas do Hospital de Clínicas. Médicos ouvem pastores, que escutam educadores, que falam com familiares e cuidadores. Oxalá houvesse ali também um urbanista. Os efeitos são imediatos, afinal, nenhum doente está sozinho de fato. No poder público municipal, práticas semelhantes são alardeadas. Em setores como a habitação, secretarias diferentes sentam juntas para trabalhar nos reassentamentos. A grande novidade é a presença da Fundação Cultural de Curitiba neste mutirão, posto que a cultura costuma ser um saber alienado das políticas, confundida que é com o espetáculo. São bons sinais, mas deve-se levar em conta o risco de estetizar as práticas multidisciplinares. Ou seja – são socialmente aceitas, entram para o vocabulário, para os expedientes, mas correm o risco de funcionar como um jarro de vidro na cristaleira. Todo cuidado é pouco, afinal, o saber especializado goza de grande prestígio. A sociedade se estruturou em torno dele. O nascimento de uma prática ecológica é a morte anunciada de um modo de fazer e de pensar. A mesa-redonda, quem diria, tem esse poder.

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