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O Paraná amargou no primeiro semestre o que talvez tenha sido o pior desempenho de sua história no tocante às exportações, com pesada perda da participação relativa no conjunto da economia nacional. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o valor das vendas externas paranaenses caiu 8,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as exportações brasileiras continuaram caminhando em sentido contrário, experimentando aumento de 13,5%.

Várias razões contribuíram para a baixa performance do estado. O câmbio sobrevalorizado, por exemplo, fez diminuir consideravelmente a exportação de veículos, peças automotivas e máquinas agrícolas – justamente os setores que, em 2005, mais contribuíram para o crescimento das exportações paranaenses, compensando quase integralmente a queda de faturamento registrada pelo segmento das commodities agrícolas.

À queda de exportações dos produtos industrializados nos primeiros seis meses de 2006 soma-se ainda a continuidade do ritmo descendente das dos produtos de origem agropecuária. Os embargos sanitários ao setor de carnes, decretados pelos importadores em razão da febre aftosa e do temor da gripe aviária, derrubaram as vendas do setor. Houve sensível diminuição também das exportações do complexo soja, tradicional carro-chefe do nosso comércio exterior, prejudicadas pela frustração das lavouras, pelo câmbio desfavorável e pela desvalorização de algumas commodities no mercado internacional.

Aparentemente, portanto, o Paraná foi vítima de fatores contra os quais pouco pode fazer. Apenas aparentemente. As políticas cambial, tributária e monetária – que afetam direta e pesadamente o setor exportador – são prerrogativas exclusivas do governo federal. Da mesma forma, é impossível ao estado exercer qualquer influência para melhorar as cotações da Bolsa de Chicago. Também não há como reagir ao aumento do preço do petróleo, nem o que fazer contra o protecionismo americano e europeu; ou ainda contra o mau humor de São Pedro, que se recusa a mandar chuva na hora certa...

As aparências terminam aí. Um diagnóstico mais profundo da situação leva-nos a considerar que as perdas paranaenses poderiam ter sido muito menores – ou nulas – se as autoridades estaduais tivessem sido mais responsáveis, inteligentes e diligentes na definição e aplicação de políticas que estão inteiramente ao seu alcance. A deficiência salta aos olhos quando se verifica – com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais – que, apesar de todos os problemas, as exportações de soja nos portos brasileiros aumentaram 25,2% até o fim de junho – com exceção do Porto de Paranaguá, que registrou queda de 23,1%. Esta diferença teria feito o Paraná manter-se nas primeiras posições do ranking nacional.

Os produtores rurais, as cooperativas agropecuárias e as empresas exportadoras paranaenses sabem das dificuldades que enfrentam há três anos para fazer o que fizeram a vida inteira – isto é, embarcar seus produtos em Paranaguá, terminal onde, aliás, fizeram enormes investimentos em estruturas de logística ao longo de decênios. Ora se defrontam com a radical proibição de embarcar transgênicos, ora com outros graves problemas operacionais criados (ou não prevenidos) pela administração portuária. Em razão disso é que o Porto de São Francisco, em Santa Catarina, embarcou este ano 70% a mais de soja; e o de Santos, 37%.

Que não se culpe exclusivamente o câmbio ou a conjuntura internacional pelo baixo desempenho das exportações paranaenses. Grande parte das causas está aqui mesmo – e poderiam ter sido evitadas.

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