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 | Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
| Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central cumpriu as expectativas de mercado e reduziu mais uma vez a taxa básica de juros, a Selic, que caiu de 7% para 6,75% ao ano – a menor taxa da história. O corte de 0,25 ponto porcentual é uma desaceleração no ritmo da redução que o Copom vinha promovendo, após um 2017 marcado por cortes de 0,75 ou um ponto. E o BC já avisa: talvez este tenha sido o fim do afrouxamento monetário.

O comunicado divulgado logo após o encerramento da reunião é bem claro: “Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”. Em outras palavras, se tudo continuar como está, a Selic não cai mais. O verbo “evolua”, neste caso, é força de expressão, porque o “esperado” não tem nada da evolução, e sim de estagnação e paralisia, com o Congresso retalhando ainda mais o projeto de reforma da Previdência, isso se chegar a votá-lo nas próximas semanas, o que já é bastante questionável.

A saúde fiscal brasileira é caso de UTI

A saúde fiscal brasileira é caso de UTI, como reafirmou a Heritage Foundation ao ter dado ao Brasil nota 7,7 (em uma escala de zero a 100) neste quesito na edição mais recente do Índice de Liberdade Econômica. O Brasil gasta muito em comparação com o que arrecada, e ainda por cima gasta mal. A trajetória da dívida pública segue sem controle, e nenhum dos pré-candidatos à Presidência da República parece estar preocupado com o assunto, apesar dos alertas que estados quebrados, como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, enviam sobre o perigo de gastar muito além da arrecadação ano após ano, como se não houvesse amanhã – porque o amanhã certamente virá, e então não haverá dinheiro para as mais básicas das despesas. Daí a necessidade das reformas – não apenas da Previdência, que hoje já é a maior rubrica do orçamento federal, mas de outras que tornem o gasto estatal menor, mais racional e mais eficiente.

Leia também: O que vai sobrar da reforma da Previdência? (editorial de 29 de janeiro de 2017)

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Mas o Copom não quis fechar completamente as portas, e deixou uma tênue esperança de uma nova queda de 0,25 ponto na próxima reunião: “Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”. Se o Congresso demonstrar responsabilidade e aprovar uma reforma da Previdência sem terminar de desfigurá-la, ou se a inflação continuar baixa, a Selic pode chegar a 6,5%. No momento, a segunda hipótese seria a mais provável, já que o IPCA começou o ano abaixo das expectativas: a inflação oficial em janeiro foi de 0,29%, a menor para o mês desde o Plano Real, com um acumulado em 12 meses de 2,86%, abaixo do piso da meta.

Juros baixos são uma meta a perseguir: eles permitem que os empreendedores possam assumir mais investimentos, que geram renda e emprego. Mas esse objetivo não tem como ser atingido pela mera canetada – as reduções voluntaristas realizadas durante o governo Dilma Rousseff se mostraram insustentáveis e tiveram de ser revertidas. Manter os juros baixos de forma consistente exige que o governo coloque suas contas em ordem, o que será impossível com déficits primários que superam os R$ 100 bilhões por ano e com um sistema previdenciário insustentável.

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