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A safra 2006/07 deverá ser maior do que a encerrada neste ano e a rentabilidade do produtor está melhorando, confirma a maioria dos indicadores. Embora a economia agrícola brasileira ainda sofra os efeitos da crise dos três últimos anos – que desorganizou a atividade e fez encolher a renda rural, punindo estados como o Paraná onde o PIB sofreu retração – a esperança é geral, tangida pela reação dos mercados internacionais e pelas chuvas bem distribuídas, que antecipam uma boa colheita. Mesmo assim o volume de grãos a ser colhido, de 115 a 118 milhões de toneladas, continua abaixo do potencial do país.

Conforme nosso caderno "Caminhos do Campo", a lavoura de soja se recupera das perdas de receita do ciclo anterior, com os esmagadores e "traders" percorrendo o interior para contratar compras antecipadas. Aos preços médios atuais, a soja volta a mostrar rentabilidade, embora longe da euforia de 2004 e a safra em plantio poderá chegar a 53 milhões de toneladas, com aumento de 1,9% em relação a 2005/06.

Mas a vedete da temporada é o milho, favorecido pela demanda mundial por ter se tornado, além de alimento, fonte de energia via transformação em etanol. Sob o impulso da nova destinação energética do produto, a lavoura de milho é a que mais cresce, com um avanço de 3,6% que deverá elevar seu montante a 33 milhões de toneladas. Mesmo a cotação da soja está sendo influenciada pelo aproveitamento como insumo para biodiesel.

O novo otimismo envolvendo a agropecuária já está sendo sentido pelos fornecedores de equipamentos e insumos, com as vendas sendo retomadas após longa estagnação. Os segmentos mais beneficiados são os voltados para a agricultura familiar, que ganhou capacidade técnica a partir dos programas de apoio lançados pelo governo federal. Porém mesmo produtores de escala, concentrados no "agronegócio" estão otimistas, capitalizados pela venda antecipada da safra, arranjos de sua cooperativas e pelo prêmio de escoamento adotado pelo Ministério da Agricultura para desovar a produção estocada.

De toda forma, mesmo o clima correndo favorável, o limite previsto para a nova safra vai de 110 milhões de toneladas, segundo analistas do mercado, a 119 milhões, calculado pela Companhia Nacional de Abastecimento; longe da projeção de 130 milhões divulgada pelo IBGE. Há queixas, inclusive, de que esse órgão tem gerado previsões pouco realistas nos últimos anos. Mesmo assim o montante é positivo, levando em conta as frustrações das últimas colheitas – responsabilidade reconhecida pelo governo.

Ausente na crise anterior, o poder público precisa fazer sua parte agora, por exemplo, estimulando a produtividade para que a mesma área agricultável produza mais sem pressionar as reservas florestais da Amazônia nem roubar solo de culturas alimentares. Um exemplo: evitar que áreas destinadas ao cultivo do feijão, alimento básico na mesa do brasileiro, sejam destinadas a lavouras de maior apelo comercial, como laranja ou cana-de-açúcar.

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