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Faltando um ano para a eleição presidencial nos EUA e prestes a completar três anos de mandato, o presidente Barack Obama pode comemorar sucessos na política externa, mas enfrenta uma série de fracassos internos.

Considerando as promessas feitas na campanha eleitoral, o saldo da administração Obama não é dos melhores. A reforma do sistema de saúde, histórica bandeira do Partido Democrata, foi aprovada apenas em parte. A forte oposição de republicanos e de conservadores dentro da própria base aliada do governo impediu que a esperada constituição de um modelo de saúde público e universal virasse realidade.

A crise econômica, principal herança da era George W. Bush, não foi debelada. Apesar de o país ter saído da recessão que arruinou a vida de muitos norte-americanos entre 2007 e 2009, o crescimento da economia é pífio. A taxa de desemprego melhorou no último mês, mas o aumento da oferta de vagas não é suficiente para alavancar a candidatura. O porcentual de pessoas desempregadas caiu em novembro de 9% para 8,6%, no entanto, está bem acima do registrado quando Obama assumiu, que era de 7,2%.

O plano de geração de postos de trabalho de US$ 447 bilhões, apresentado pelo presidente como crucial para a retomada do crescimento, foi barrado pelo Senado em votação no mês passado. A proposta inclui cortes de impostos para pequenas empresas e trabalhadores e prevê incentivos à construção civil.

Também houve poucos avanços em temas considerados secundários, como a reforma da lei de imigração. Por causa do modelo de federalismo norte-americano, Obama viu sua área de ação restrita e, como complicador, presenciou o endurecimento da legislação contra imigrantes em estados como o Arizona e a Carolina do Sul.

O prometido fechamento da base militar de Guantánamo é outro exemplo das dificuldades do presidente de colocar em prática seus planos. Depois de anunciar em 2010 que o centro de prisioneiros internacionais seria desativado, menos de um ano depois Obama admitiu que fracassou.

Há ainda pendente o ambicioso plano de regular o sistema financeiro. Na campanha eleitoral, o líder democrata disse ser mais favorável à economia real do que ao mercado especulativo, mas pouco avançou.

Um retrato das dificuldades enfrentadas pelos EUA no momento são os protestos que eclodiram em todo o país recentemente, com o chamado movimento "Ocupe Wall Street". O próprio presidente reconheceu que as manifestações contra o sistema financeiro representam a insatisfação de grande parte da população norte-americana com a situação socioeconômica do país.

Sem grandes avanços internamente – não por falta de iniciativas do governo, mas por resistência de agrupamentos políticos e de setores da sociedade norte-americana, as vitórias de Obama se restringem ao campo externo. A morte de Bin Laden, líder da Al-Qaeda e idealizador dos atentados de 11 de Setembro nos EUA, simboliza a maior das conquistas do presidente democrata na chamada "guerra ao terror".

O apoio às revoltas árabes também está no rol de conquistas do presidente. A queda de ditadores na Tunísia e no Egito, além da morte do líder líbio Muamar Kadafi, trouxe ganhos à Casa Branca.

Obama mantém firme a meta de retirada de todos os soldados do Iraque até o fim de 2011 e não cedeu espaço ao Taleban, no Afeganistão, o que pode ser considerado ponto favorável ao governo, mas encontra dificuldade em lidar com o conflito Israel-Palestina.

Para um presidente que assumiu um país no auge de uma de suas piores crises, é preciso ressaltar que parte da decepção com o governo é reflexo das altas expectativas criadas em relação a ele. Muitos esperavam que Obama realizasse mudanças estruturais nos EUA, sem considerar que o jogo político norte-americano reduz as possibilidades de ação de um presidente.

No entanto, mesmo com todos os problemas enumerados acima, as chances de reeleição são reais. Assim como aconteceu em 2008, as fraquezas dos republicanos em oferecerem um projeto político de peso para corrigir o legado de Bush abrem a possibilidade, ainda que pequena, de uma nova vitória a Obama.

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