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A série de reportagens sobre os desafios representados pelo vertiginoso crescimento de Curitiba e região metropolitana, cuja publicação iniciamos ontem, evidencia a existência de necessidades ainda maiores do que aquelas situadas no âmbito local. Na verdade, só mesmo um projeto de desenvolvimento de todo o interior do estado poderá representar a solução mais adequada e mais definitiva para os problemas atuais e vindouros da megalopolização da capital e de seus arredores.

A história recente do Paraná demonstra cabalmente esta realidade. Basta lembrar-nos que Curitiba detinha 700 mil habitantes e a RMC cerca de 1 milhão quando da ocorrência da grande geada de 1975 – um cataclismo que mudou por completo o perfil agrícola do interior e alterou de modo radical a sua demografia. Até então, sua economia estava assentada basicamente na monocultura do café, grande absorvedora de mão-de-obra, mas o fim desse ciclo e sua substituição pelos campos mecanizados de soja e trigo decretaram a expulsão de enormes contingentes do meio rural. Cidades inteiras desapareceram, a população do estado diminuiu. Pelo menos 1 milhão de pessoas engrossaram o êxodo de emigrantes em busca de emprego em Curitiba e nas novas fronteiras agrícolas que se abriam na região Norte.

Foi a partir desse período que a capital e os municípios periféricos experimentaram um repentino inchaço populacional. Ao longo dos anos seguintes, os censos demográficos apontaram a ocorrência de um ritmo de crescimento recorde no país. Enquanto o Brasil crescia a taxas anuais inferiores a 3%, a região metropolitana de Curitiba chegou a apresentar índices superiores a 6%.

Não havia estrutura para suportar as novas demandas que começaram a surgir. Apesar dos esforços das administrações estadual e municipais, foi impossível dar atendimento aos 2 milhões de habitantes que se somaram à população original da região metropolitana no curto espaço de três décadas. Impossível criar tantos empregos. Difícil e caro implantar sistemas de transporte compatível com o tamanho da população. Precarizaram-se os serviços de saúde. Bairros inteiros surgiram sem nenhuma estrutura viária ou de saneamento, muitos deles frutos de ocupações irregulares de terrenos públicos e privados impróprios à moradia. As cidades da região se conurbaram.

O problema da RMC, no entanto, ainda não terminou. Seu ritmo de crescimento continuará acelerado – caso as políticas públicas de desenvolvimento não se voltem com muito mais vigor para o interior do estado. Aparelhar o interior com infra-estrutura que incentive a agroindustrialização, investir na educação e na qualificação de mão-de-obra, apoiar a agricultura, melhorar os serviços de saúde e de segurança pública – tudo isso, sem dúvida nenhuma, é a melhor maneira para manter sob controle o crescimento, com qualidade de vida, da região metropolitana de Curitiba.

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