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Causou estranheza o editorial da Gazeta do Povo da última quinta-feira, no qual o jornal sustenta que há fuga de indústrias de nosso estado e inexistência de novos investimentos produtivos no setor. Só é possível concluir que o desconhecimento demonstrado em relação ao assunto despreza os fatos.

Na mesma edição em que o jornal publica o referido editorial, por exemplo, há uma notícia de investimentos de R$ 100 milhões da fabricante de embalagens Sig Combibloc em Campo Largo, com a abertura de novos 100 postos de trabalho. A mesma indústria já havia investido R$ 170 milhões na fábrica no ano passado. Como outras dezenas de casos, tal empreendimento contou com o apoio do programa Paraná Competitivo.

O editorial afirma ainda que o Paraná perdeu empresas para outros Estados. Faltou explicar como é que se perde aquilo que não se tem. A despeito das dificuldades encontradas na infraestrutura do Paraná – comuns à grande maioria dos estados –, é preciso destacar que a responsabilidade por oferecer um ambiente adequado aos empreendedores deve ser compartilhada com o governo federal, que, infelizmente, tem nos excluído de obras essenciais.

O nosso governo não mede esforços para recuperar o total abandono a que foi relegado o setor nos últimos oito anos. Apesar das dificuldades, respondemos com um programa de incentivos ousado, que está trazendo ao estado R$ 19 bilhões, que proporcionarão mais de 100 mil empregos diretos e indiretos. Há investimentos em todos os setores industriais: veículos, autopeças, plataformas petrolíferas, biodiesel, alimentos, máquinas pesadas, pneus, embalagens biodegradáveis, reflorestamento, papel e celulose, entre outros. A própria Gazeta do Povo publica regularmente esta nova realidade vivida pelo Paraná, lastreada pelo respeito aos empreendedores e investidores.

Por certo não somos uma ilha, mas vivenciamos resultados econômicos diferenciados em relação ao país. Enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,7% em 2011, o nosso teve uma alta de 4%. Enquanto a produção brasileira praticamente estagnou em 0,3%, tivemos o maior crescimento no ano passado, com 7%. No primeiro semestre deste ano, apesar das dificuldades vividas pela economia no mundo, o PIB paranaense cresceu 2,6%, contra uma evolução de 0,6% no índice nacional. No mesmo período, a produção industrial brasileira amargou uma queda de 3,8%, e nós tivemos um crescimento de 3,6%. Isso não é produto de nenhuma magia, mas resposta à demanda reprimida de investimentos e de geração de emprego e renda. Os resultados foram conquistados com respeito, diálogo e estabilidade jurídica.

Como sabemos das dificuldades em levar empresas de médio e grande porte aos municípios do interior, estamos incentivando as micro e pequenas empresas e os empreendedores locais com um programa que alia qualificação e crédito barato. Garantimos um dos mais baixos juros do país aliados a cursos gerenciais.

Há, ainda, outros exemplos a serem expostos para que se evite a má interpretação da realidade vivida hoje em nosso estado. Segundo o IBGE, até agosto deste ano a indústria paranaense manteve a dianteira no país em todas as variáveis do mercado de mão de obra. O contingente ocupado cresceu 2,8%, frente a um recuo de 1,4% no Brasil; a renda subiu 9,5%, ante 3,4% da nacional; e as horas pagas aumentaram 1,6%, contra redução de 2,1% na média brasileira.

A dita fuga de investimento não se justificaria nem pela transferência da Nissan para o Rio de Janeiro, já que a estrutura física aqui instalada será mantida e incorporada à unidade da Renault. A montadora japonesa vai continuar produzindo veículos da linha Livina no Paraná até 2016.

Fica evidente que o Paraná hoje vive um dos melhores momentos para atração de empresas. Por óbvio, toda crítica é importante, desde que não ignore os fatos.

Ercílio Santinoni é secretário de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul.

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