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Os desequilíbrios da natureza estão ocorrendo com mais ênfase nesta passagem para o terceiro milênio: no ano de 2005 a persistência de um clima instável afetou a Região Sul do Brasil, causou danos e comprometeu até a regularidade da vazão do Rio Amazonas – fenômeno não observado há mais de meio século. Pelo mundo os problemas foram ainda maiores: furacões formados no Atlântico Norte devastaram os Estados Unidos, México e América Central, enquanto o sul e o leste da Ásia foram varridos por tufões de intensidade nunca vista.

No Atlântico Sul passaram a ser comuns ciclos de instabilidade conhecidos como ciclones extratropicais, que atingiram as costas do Brasil e Uruguai; temporais trouxeram destruição a dezenas de municípios do Paraná na passagem das estações climáticas – entre o outono e o inverno, entre abril e junho e, depois, entre setembro e outubro – com ventos superiores a 100 km/hora, que arrasaram cidades, derrubaram torres de energia e derrubaram encostas em estradas.

Como se não bastassem tais desastres, terremotos violentos sacudiram a franja de países que se distribuem pelo sul da Ásia, assentados sobre a zona de atrito das placas terrestres existentes na região. Repetiram igual fenômeno registrado na América do Sul, onde a placa de Nazca se choca contra a placa continental, causando abalos no Peru. Na Europa mediterrânea, secas persistentes levaram incêndios e calamidades a Portugal e Espanha. Mas nada se compara aos danos causados às populações do sul dos Estados Unidos com a passagem dos furacões Katrina e Rita, seguidos de outros temporais violentos na América Central.

Nós, paranaenses, ainda hoje sentimos os efeitos da geada negra que se abateu sobre os estados da Região Sul, em 1975. Naquele terrível dia 18 de julho de 1975, a temperatura baixou repentinamente a menos de zero grau depois de uma fase de chuvas, ocasionando a "geada negra": o solo molhado congelou, matando as raízes das plantas. Mesmo plantações situadas em regiões protegidas das frentes frias tradicionais foram morrendo nas semanas seguintes e a cafeicultura paranaense nunca se recuperou, substituída por lavouras mecanizadas que empregam pouca mão-de-obra. Passados 30 anos, seus reflexos continuam a causar impactos: parte da população rural atingida migrou para o centro-oeste do país – onde estabeleceu modernas lavouras de agronegócio – mas a parcela principal provocou um êxodo que despovoou o hinterland e inchou as cidades, agravando problemas sociais.

Agora o fenômeno se amplia numa escala planetária, com os desequilíbrios ambientais apontando para a busca de soluções coletivas, em benefício do conjunto dos seres vivos. O primeiro passo é bloquear a emissão de gases que geram o efeito estufa, responsável pelo aquecimento da atmosfera; mas também precisamos adotar padrões sustentáveis para reduzir o consumo de recursos naturais que, aprendemos, não são infinitos.

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