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Barragem do Miringauava deve acrescentar mais 2 mil litros por segundo ao sistema de abastecimento que atende a RMC.
Barragem do Miringauava deve acrescentar mais 2 mil litros por segundo ao sistema de abastecimento que atende a RMC.| Foto: Sanepar/Divulgação

Não vai faltar água para abastecer os quase 4 milhões de habitantes de Curitiba e região metropolitana na próxima década. Ao menos é o que garante a Sanepar. Segundo a companhia, a demanda do Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC) para 2030 será de 851.550 m³ de água tratada por dia. Hoje, o consumo do sistema é de 756.050 m³/dia. Para isso, será preciso explorar novos mananciais, entre eles uma nova captação superficial no Rio Capivari, em Colombo, e poços subterrâneos do Aquífero Karst, em Campo Magro. Além disso, deverá entrar em operação no segundo semestre de 2021 a quinta represa do sistema integrado.

Prevista inicialmente para começar a funcionar em 2016, a Barragem do Miringuava, em São José dos Pinhais, deve regularizar a vazão do rio que leva seu nome e acrescentar mais 2 mil litros por segundo de água ao SAIC, que abastece os municípios de Almirante Tamandaré, Araucária, Campina Grande do Sul, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais. A represa terá capacidade de armazenar 38 bilhões de litros de água, beneficiando 650 mil pessoas.

De acordo com a Sanepar, o ritmo de crescimento populacional de Grande Curitiba caiu nos últimos anos, o que provocou uma atualização para baixo das estimativas do Plano Diretor da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) para a demanda de água nas próximas décadas, especialmente após o Censo 2010, do IBGE.

Segundo engenheiro civil e membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) Miguel Mansur Aisse, apesar de o ritmo de crescimento menor da capital, a população da RMC deve passar a de Curitiba nos próximos anos. “São Paulo e Curitiba tem dois defeitos: ambas estão em cima de suas nascentes e, com isso, o esgoto também está”, sintetiza, o que aumenta a necessidade de cuidar da água. “Temos muitos problemas de irregularidades e ligações clandestinas. Esse dever de casa ainda não está terminado. Mas estamos melhorando e avançando. Já a RMC cresceu muito nos últimos anos e algumas cidades, por causa da pouca população, que é pulverizada, não têm condições de receber rede de esgoto porque não tem retorno financeiro na tarifa”, explica.

De acordo com Eduardo Gobbi, engenheiro ambiental e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda que estejam sendo feitos investimentos, o reflexo disso na despoluição dos rios é lento. No início dos anos 1990, segundo ele, quando houve uma grande aceleração do crescimento da RMC, a população era de 2 milhões. “Hoje estamos chegando perto de 4 milhões. Essa aceleração ocorreu até meados dos anos 2000, depois caiu brutalmente a ponto de algumas organizações metropolitanas pensarem em rever o decreto de uso dos mananciais. Por causa daquele crescimento alto, muitas áreas foram reservadas para atender a futura demanda, mas por outro lado essas áreas dificultam o crescimento de alguns municípios”, diz.

De todo modo, os especialistas concordam que é preciso melhorar a eficiência e redução de perdas na rede de abastecimento para, quem sabe, nem precisarmos acionar alguns dos mananciais previstos para os próximos anos, que de modo geral estão cada vez mais longe da capital e com um custo de operação maior. Além disso, é preciso reduzir o consumo de água. “Precisamos buscar soluções inteligentes como vasos sanitários mais eficientes, torneiras e chuveiros mais econômicos, aproveitar a água da chuva e a água de reuso. Com isso podemos retardar a busca de novos mananciais”, disse.

Segundo a prefeitura de Curitiba, o município não tem um programa específico de incentivo de reuso de água, por exemplo, mas a legislação atual obriga as edificações novas ou que foram ampliadas a instalar sistemas de captação de água da chuva para uso em limpeza ou jardinagem. Também devem ter torneiras com arejadores e controle de vazão, além de bacias sanitárias com volume reduzido de descarga.

Outra aposta da prefeitura é envolver a comunidade, e não apenas o poder público e as companhias de saneamento, em projetos para melhorar a qualidade dos rios urbanos – reflexo direto da falta de saneamento básico nas grandes cidades. Leia mais sobre o projeto clicando aqui.

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