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Pessoas correm e pedalam em dia de reabertura do comércio e flexibilização das medidas de isolamento social pela pandemia.
Rio de Janeiro – Esportistas na praia da Barra da Tijuca.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma das maneiras de entender a gravidade do cenário epidemiológico do coronavírus em Curitiba é pelo comparativo com outras cidades: pelos dados de 5 de julho, a capital paranaense tem pouco mais que o dobro dos casos ativos no Rio de Janeiro. Apesar de já ter batido a marca dos 60.233 casos confirmados, a capital fluminense contabiliza 52.043 casos recuperados e 6.898 óbitos. Dessa forma, ela tem 1.292 casos ativos na manhã desta segunda-feira (6), indicando a quantidade de pessoas em condição de transmitir o vírus a outras. Em Curitiba, o número de casos ativos é de 2.843 pelo boletim divulgado na quinta-feira (2).

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O número de infectados ativos é a diferença entre o total de confirmados e o número de recuperados somados aos óbitos. Algumas cidades e estados destacam a informação de casos ativos em seus boletins, como Ponta Grossa, Florianópolis e Santa Catarina.

Pela diferença de testagem entre as cidades brasileiras, as comparações entre número de casos não é indicada, pondera o infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Entretanto, o recorte dos números pode indicar a pressão sobre a demanda hospitalar.

O Rio de Janeiro passou por uma aceleração no número de casos de coronavírus em abril: começou com 697 casos confirmados e 24 mortes. Aquele mês terminou com 5.903 confirmações e 535 mortes, crescimento de 747% e 2.129%, respectivamente. A partir de maio, a curva desacelerou: o número de casos confirmados cresceu 385%, e o de mortes, 540% no quinto mês do ano; em junho, esses percentuais foram de 89% e 73%, respectivamente.

Até o começo de junho, Curitiba passava por uma situação mais controlada. Começou o mês de abril com 99 casos confirmados de coronavírus e nenhuma morte; terminou o mês com 604 casos (alta de 510%) e 23 óbitos. Em maio, a curva desacelerou: passou de 614 notificações para 1.109, variação de 81%; as mortes subiram de 23 para 46, alta de 100%. Em junho, os casos confirmados passaram de 1.129 para 5.178 (alta de 359%); os óbitos, de 40 para 148 (196%).

Pelos dados de 5 de julho, Curitiba atingiu a marca de 6.835 confirmações do coronavírus, 3.803 recuperados e 189 óbitos, o que resulta no número de casos ativos de 2.843. Esse dado é importante porque representa a quantidade de pessoas que além de transmitir o vírus, podem demandar internamento hospitalar, sobrecarregando o sistema – por isso o número total de casos não reflete, necessariamente, a situação epidemiológica das localidades. Além disso, as pesquisas realizadas até agora indicam um certo grau de imunidade para quem já se recuperou do coronavírus.

O Fórum Metropolitano de combate à Covid-19, que reúne Curitiba e os 29 municípios do entorno, pretende discutir um pacto para lidar com a emergência sanitária em reunião marcada para esta segunda-feira (6).

Ocupação de leitos

A ocupação de leitos em Curitiba, que tem 1,9 milhão de habitantes, vem crescendo a cada dia. Pelos dados de quinta-feira, por exemplo, eram 386 pacientes internados em hospitais públicos e privados, 127 deles em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O boletim divulgado no domingo pela capital paranaense indica que os números passaram a ser de 493 internamentos, dos quais 179 em UTI.

No Rio de Janeiro, o dado mais recente indica demanda menor da estrutura: 485 hospitalizações, 183 em UTIs. O pico de internamentos no Rio ocorreu em 27 de maio, com 825 pessoas em hospitais, 228 em UTIs. O processo de reabertura na capital fluminense, que tem população de 6,7 milhões, começou agora, no início de julho.

Evolução dos casos

A cidade do Rio de Janeiro, porém, tem uma alta letalidade: 11,5% dos casos confirmados foram à óbito. A taxa de mortalidade está em 1.026 por 1 milhão de habitantes, acima da média nacional, de 302 por 1 milhão. No Rio de Janeiro, o perfil dos infectados mostra que há uma grande parte mais suscetível a desenvolver formas graves da doença. Dos 58,6 mil casos confirmados, 16,9 mil são de pessoas de 60 anos ou mais – percentual de 29%. Dos 6,6 mil óbitos, cerca de 70% ocorreram nesta faixa etária.

Em Curitiba, a letalidade no momento está em 2,8% e a taxa de mortalidade, em 97,7 por milhão. A ocupação dos leitos exclusivos Covid-19 em UTIs está em 86%. A proporção de idosos entre o total de infectados é de 18%, segundo o boletim semanal de 26 de junho – o mais recente, de 3 de julho, não informou o total de casos por faixa etária. Mas o documento mostra como os idosos com coronavírus demandam estrutura médica: entre as pessoas com 30 a 39 anos, a hospitalização ocorreu em 7% dos casos confirmados; entre 40 a 49, 12%; e entre 50 a 59, 21%. Dentre as pessoas com 60 a 69 anos que foram infectadas pelo coronavírus, 31% necessitaram internamento; na faixa de 70 a 79, 51% foram a hospitais; e na faixa de 80 anos ou mais, 66% dos casos confirmados de coronavírus necessitaram de internamento.

Os municípios que estão registrando menor letalidade são os que têm número menor de idosos entre os infectados, como Ponta Grossa, onde aproximadamente 13% dos 546 casos confirmados são de pessoas com mais de 60 anos. A cidade registrou três mortes até agora, letalidade de 0,55%.

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