Está chegando a hora de pagar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O prazo muda de cidade para cidade, assim como os valores, mas uma dúvida é compartilhada por todos os contribuintes no momento de colocar a mão no bolso. Vale a pena pagar tudo de uma vez só, à vista, com desconto, ou é melhor parcelar esses valores?
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O professor de Matemática Financeira da FAE Business School Amilton Dalledone Filho explica que é necessário fazer uma distinção. “Para quem tem um imóvel com valor não tão elevado é uma situação. Para quem é dono de imóvel de maior valor, e vai pagar R$ 10 mil, R$ 15 mil de imposto, tem que fazer a conta para ver o que vale a pena”, analisa.
As situações são diferentes, pois, quem vai desembolsar altos valores com o pagamento do IPTU acaba tendo chances maiores de conseguir boas negociações com instituições financeiras, conseguindo melhores remunerações para recursos investidos, por exemplo.
Aí entra o componente extra, o desconto para pagamento único. Curitiba, Londrina e Maringá, por exemplo, garantem reduções que variam de 4% a 12% para quem liquidar a fatura em uma tacada só. É preciso analisar caso a caso para decidir o que vale a pena, mas o raciocínio é o mesmo.
Curitiba
Em Curitiba, quem for quitar o IPTU à vista tem até o dia 10 de fevereiro para executar o pagamento. O desconto oferecido é de 4%. Para quem quer dividir, o pagamento pode ser feito em até 10 vezes, com vencimentos que variam entre os dias 10 e 15 de cada mês.
O professor explica que, no parcelamento, há uma taxa implícita de 0,75% ao mês - ou 9,38% no ano. “A gente não pode dizer que eles estão cobrando juros, porque o desconto é dado para o pagamento à vista”, pontua Dalledone Filho. No entanto, na hora de pagar em parcela única ou parcelar, o consumidor precisa colocar os números na ponta do lápis.
“Se você tem o dinheiro, quer aplicar e na sua aplicação financeira você vai conseguir um valor maior do que esse de 0,75% ao mês [9,38% ano ano], vale a pena investir. (...) No final, vai sobrar um pouquinho pela valorização do capital”, explica o docente. Para efeitos de comparação, a caderneta de poupança começou 2020 com retorno de 3,15% ano ano. Rendimento muito baixo e que não compensaria o parcelamento do IPTU.
Em 2020, o IPTU em Curitiba teve correção de 3,27%, referente à inflação (IPCA entre dezembro de 2018 e novembro de 2019). Além disso, conforme estabelece Lei Complementar número 105/2017, houve aumento de 4% nos impostos de imóveis edificados e acréscimo de 7% para imóveis não edificados. Na prática, somada inflação e aumento previsto em lei, o IPTU dos curitibanos ficou entre 7,27% e 10,27% mais caro.
Londrina
Já em Londrina, os contribuintes que pagam à vista têm direito a desconto de 10% no IPTU. O município também tem uma política de desconto progressivo, implantada em 2018. Funciona da seguinte maneira: quem pagou à vista em 2018, recebeu 11% de desconto para pagamento em parcela única em 2019 e agora, em 2020, tem direito a desconto de 12%. Em 2023, o abatimento do imposto pode chegar a 15%. Mas só vale para o consumidor que mantém o pagamento à vista desde 2018.
São duas datas para pagamento em parcela única: no dia 24 de janeiro ou no dia 14 de fevereiro. É o próprio sistema da prefeitura que determina em qual data o consumidor deve pagar. Quem quer parcelar, pode dividir o tributo em 11 vezes, com parcelas mínimas de R$ 50.
O professor Amilton Dalledone Filho explica que, no caso de Londrina, os juros embutidos são de 1,8% ao mês. Mas a lógica segue a mesma: se o consumidor consegue uma aplicação financeira que pague mais do que esse percentual, o pagamento deve ser feito a prazo. No entanto, o cenário é bem difícil de acontecer, já que os juros de 1,8% ao mês representam 23,87% ao ano. Com a taxa Selic em 4,5% ao ano, é improvável uma aplicação de renda fixa oferecer tal remuneração. No mercado de ações, a possibilidade é mais real, mas pode haver “perdas e ganhos”, conforme alerta o professor.
Neste ano, o IPTU de Londrina ficou 3,22% mais caro. O índice é referente à inflação (IPCA 15) entre o período agosto de 2018 e julho de 2019.
Maringá
Os moradores de Maringá podem pagar o IPTU à vista com desconto de 10% até o dia 24 de janeiro. Quem quer parcelar, pode pagar em até 12 vezes. A data de vencimento da primeira fatura é dia 24 de janeiro.
Para o caso de Maringá, quem faz o parcelamento acaba pagando juros embutidos de 1,67% ao mês, já que são 12 parcelas possíveis. Portanto, em caso de ter o dinheiro para efetuar o pagamento e ficar na dúvida sobre investir, só vale a pena se os juros oferecidos no investimento forem superiores a 1,67% ao mês, ou 21,84% ao ano.
O valor do IPTU em Maringá teve correção de 3,22% neste ano – referente ao IPCA de 15 de agosto de 2018 a julho de 2019.
Empréstimo para quitar IPTU
E fazer empréstimo, vale a pena? O raciocínio não muda: se a instituição financeira cobrar juros inferiores àqueles embutidos no parcelamento, vale. No entanto, conforme reforça Dalledone Filho, é preciso analisar todas as cobranças. "No empréstimo, o consumidor tem que ficar de olho não só nos juros, mas também na cobrança de IOF e nas conhecidas Taxas de Cadastro, muitas vezes cobradas pelos bancos”.
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