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Terreno onde será construído Museu de História Natural fica nos fundos do Jardim Botânico
Terreno onde será construído Museu de História Natural fica nos fundos do Jardim Botânico| Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

A cidade de Curitiba deve ganhar em breve um novo Museu de História Natural - e mais um passo para a ideia sair do papel foi dado na manhã nesta segunda-feira (17). Em primeiro turno de votação, a Câmara Municipal aprovou a aquisição, por meio de permuta, de dois lotes de terrenos com área total de 4.817,5 m², às margens da Linha Verde e nos fundos do Jardim Botânico.

É lá que a prefeitura pretende instalar o novo museu, que deve reunir os acervos de museus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do Museu de História Natural do Capão da Imbuia e do Museu Botânico Municipal. A área, onde já funcionou um hotel e um posto de combustíveis, atualmente pertence à empresa Administração, Participação e Atividade Imobiliária Trevo Ltda., que, em contrapartida, receberá 21 lotes do município, que totalizam área de 10.010 m².

Em 2017, após reunião com o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, o prefeito Rafael Greca (DEM) anunciou em um vídeo publicado em redes sociais que o novo museu seria um dos maiores do país e seguiria o modelo de instituições semelhantes de Nova York e Washington, nos Estados Unidos. “Um grande potencial atrativo turístico e inovador para nossa cidade no futuro”, afirmou o prefeito na ocasião.

O Museu de História Natural do Capão da Imbuia já é referência nacional para pesquisadores. Conta com áreas de exposições que apresentam diversos ecossistemas e seus animais e um local reservado para a mostra de animais taxidermizados, com as aves de rapina e animais em extinção. Na área de pesquisa, desenvolve trabalhos com fauna, biodiversidade urbana, saúde pública e espécies bioindicadoras, além de ecologia e conservação da fauna e remanescentes florestais urbanos. Antes pertencente ao Museu Paranaense, é de responsabilidade da prefeitura de Curitiba desde 1981.

Posto de combustíveis já funcionou no terreno que prefeitura adquiriu por meio de permuta para a construção do museu
Posto de combustíveis já funcionou no terreno que prefeitura adquiriu por meio de permuta para a construção do museu| Rodrigo Fonseca/CMC

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou nesta segunda que ainda não há um projeto para o novo museu e, portanto, não é possível dizer se a estrutura do Museu de História Natural do Capão da Imbuia será mantida ou totalmente transferida para o novo equipamento.

O Museu Botânico Municipal, instalado no Jardim Botânico, teve sua origem a partir da coleção particular de 18 mil exsicatas (plantas secas, tratadas e fixadas em cartolina, identificadas e preservadas) doada a Curitiba pelo botânico curitibano Gerdt Guenther Hatschbach. Hoje dispõe de um Centro de Informação Botânica e de um herbário com aproximadamente 400 mil exsicatas do Brasil e exterior.

Museus nos EUA

Parte do cenário do filme “Uma noite no museu”, o Museu Americano de História Natural, em Nova York, foi fundado em 1869 e concentra, principalmente, um importante acervo de fósseis, incluindo de espécies de dinossauros. O Museu de História Natural de Washington, por sua vez, foi fundado em 1910 e possui mais de 125 milhões de espécies de plantas, animais, fósseis, minerais, rochas, meteoritos e objetos culturais humanos.

Permuta de terrenos

Antes de chegar à Câmara, no início de abril, a permuta das áreas para a construção do Museu de História Natural de Curitiba já havia recebido parecer favorável da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), da Secretaria de Planejamento e Administração e da Procuradoria-Geral do Município.

No Legislativo municipal, no entanto, a autorização para permuta dos terrenos não foi unânime. Embora tenha tramitado sem dificuldades, o projeto já havia recebido voto em separado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização.

No plenário, a vereadora Professora Josete (PT) pediu que a discussão fosse adiada por cinco sessões para que a bancada tivesse acesso a documentos solicitados à prefeitura, o que acabou negado pela maioria dos presentes. “O projeto nos causou estranheza no que diz respeito aos valores”, disse. “A avaliação da CAI [Comissão de Avaliação de Imóveis] nos preocupa porque até os centavos são iguais.”

A parlamentar se referia à análise feita pela CAI, que atribuiu ao total de 21 lotes do município o valor de R$ 9.499.000,00, mesmo valor pelo qual foram avaliados os dois lotes da empresa que serão permutados. Além disso, prosseguiu Josete, haveria débitos pendentes da Trevo devidos ao município de Curitiba. “Solicitamos à prefeitura que nos enviasse todo o teor do processo para que pudéssemos entender como se chegou à conclusão de que era importante fazer essa permuta”, disse. “Chegou a certidão negativa, mas não a íntegra de todo o processo.”

Na votação do projeto, 23 vereadores foram favoráveis à aprovação. Votaram contra quatro parlamentares – além de Professora Josete, Maria Letícia Fagundes (PV), Noemia Rocha (MDB) e Professor Matsuda (PDT). Mestre Pop (PSC) se absteve.

O líder do prefeito na Câmara, Píer Petruzziello (PTB), afirmou que todos os débitos da empresa já foram quitados. “A prefeitura não abriu mão de valor nenhum, não anistiou”, garantiu. Além disso, segundo Petruzziello, o fato de as propriedades do município e da empresa terem sido avaliadas com valores de mercado idênticos não seria coincidência.

“Os dois foram colocados em valor de mercado, entre um mínimo e um máximo. Esse valor é, entre aspas, combinado, para que ninguém tenha que voltar dinheiro para ninguém”, disse. “Dentro dessa margem você pode combinar e isso é absolutamente comum. É proposital”, afirmou.

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