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Falta de cuidados com a Covid põe em maior risco a vida de 250 mil curitibanos
| Foto: Gazeta do Povo

Das 600 mortes registradas no Paraná por Covid-19 segundo o boletim desta segunda-feira (29), 440 foram de pessoas com mais de 60 anos, ou 73%. Considerando os 21 mil casos confirmados no estado, a letalidade é de apenas 2,8%. Mas, na faixa acima de 80 anos, a letalidade sobe para 31,6%: dos 506 infectados, 160 morreram. Apesar de o índice seguir uma tendência nacional e mundial, em que a idade se torna fator de risco para a infecção pelo coronavírus, há exemplos de cidades que estão com taxas menores, indicando um caminho para salvar vidas durante a pandemia.

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No Paraná, dos 21.089 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, 14,5% são de pessoas com mais de 60 anos. As faixas entre 20 e 39 anos respondem por 43% dos casos, mas somente por 0,12% dos óbitos; entre 40 e 59 anos, há 34,8% dos casos confirmados, e 21,8% das mortes. Entre os mais jovens, a doença é pouco letal: 1.604 casos, ou 7% do total, com apenas 3 mortes (0,1%).

Um obstáculo para frear a pandemia é identificar os casos e isolá-los antes que contaminem mais pessoas. Outra alternativa é monitorar de mais perto os idosos, o público mais vulnerável, para que não se contaminem. Uma vez que estejam contaminados, os serviços de saúde precisam agir rápido, para evitar o agravamento do quadro.

Em Santa Catarina, que nesta segunda-feira chegou à marca de 25 mil casos confirmados de coronavírus, a letalidade da Covid-19 é de 1,29%. Da mesma forma que o Paraná, as pessoas acima de 60 anos são as grandes vítimas: representam 71% das 324 mortes. A diferença, no estado catarinense, é que a proporção de idosos infectados é menor: são 10,8% do total, contra 14,5% no Paraná.

O monitoramento dos idosos deve ser feito pelos serviços municipais de saúde. Nesse caso, o controle do contágio em idosos também ajuda. O painel de Covid-19 de Curitiba, divulgado na sexta-feira (26), mostra que os idosos respondiam por 18,4% dos infectados até aquele dia e por 13,6% das mortes. No boletim desta segunda-feira (29), a capital paranaense aparece com 4.774 casos confirmados e 145 óbitos, letalidade geral de 3% -- não há dados diários sobre faixa etária.

O diretor de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Juliano Gevaerd, explica que há 250 mil pessoas acima de 60 anos, e monitorar todos os casos é impraticável. “É um público extremamente grande. Estabelecemos então o monitoramento daqueles que têm maior risco entre idosos, que são aqueles acima de 80, ou acima de 70, que moram sozinhos ou tem comorbidades e daqueles que estão em instituições de longa permanência”, afirmou. A responsabilidade dessa ação é dividida entre cada administração regional: os distritos sanitários é que devem fazer o acompanhamento desses idosos.

“Também fizemos campanha de marketing, tentando mobilizar sociedade, criar uma rede de solidariedade, e pedimos para familiares manterem a interação social, porque é fundamental trazer o idoso para a sociabilidade”, acrescentou. Nas divulgações dos boletins diários, a secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak, sempre destaca a necessidade do distanciamento social e protocolos de higiene para quem vai visitar um idoso da família. “Não adianta a vovó ficar em isolamento se a neta vai para a balada e depois vai tomar café com a vovó.”

Menos idosos doentes, menos mortes

Ponta Grossa, por outro lado, que acumula nesta segunda-feira 424 casos confirmados e apenas 1 óbito, tem menos idosos infectados: as pessoas com mais de 60 anos representam 12,7% do total. O secretário-adjunto de saúde da cidade, Rodrigo Manjabosco, afirma que sempre foi uma preocupação orientar as pessoas mais velhas e dentro do grupo de risco. A cidade tem 351,7 mil habitantes.

“Nas ações de orientação, esclarecimento e monitoramento, e algumas vezes até tratamento, a unidade de saúde municipal, a atenção primária é nossa referência sim, a saúde da família. Médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e agentes comunitários de saúde que dão suporte a essa equipe, muitas vezes fazendo busca ativa, fazendo orientação, e muitas vezes entrando em contato, ver como está a saúde dessa pessoa”, afirmou. Em algumas situações, a visita é presencial, mas sem adentrar na casa do paciente em tempos de pandemia.

Em Chapecó, por exemplo, cidade de 220,3 mil habitantes que tem o maior número de casos confirmados no estado vizinho – 2.753 na segunda-feira (29) – apenas 104 pessoas acima de 60 anos testaram positivo para o coronavírus, ou 3,8% do total. Com poucos casos com perfil para quadros graves de Covid, a cidade acumula apenas 11 mortes. A letalidade para idosos, entretanto, permanece alta: 8 dos óbitos (72%) na faixa acima de 60 anos. Em Cascavel, outro exemplo, com 328 mil moradores, são 2.320 casos confirmados, cerca de 400 a menos do que Chapecó, mas o número de mortes é bem maior: 47 na cidade paranaense – o boletim diário não dá detalhes sobre a idade.

Vulnerabilidade

Segundo o geriatra Vitor Pinterelli, é fundamental que o idoso pratique o isolamento social e o distanciamento, bem como seus familiares ou cuidadores. “Não basta que o idoso fique em casa isolado se as pessoas com quem ele precisa conviver levam a doença para dentro de casa. Toda a estratégia de distanciamento social acaba perdendo a serventia”, opina. Segundo ele, a vulnerabilidade à Covid-19 com o avanço da idade é natural. “Há uma diminuição da reserva funcional orgânica tanto decorrente do próprio processo de envelhecimento como é resultado das doenças que vão comprometendo o funcionamento normal dos diversos órgãos vitais”, explica.

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