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Claudete Reggiani, superintendente do Hospital de Clínicas.
Claudete Reggiani, superintendente do Hospital de Clínicas.| Foto: Dálie Felberg/Alep

Nos 40 anos em que exerce a Medicina, Claudete Reggiani já viveu muitos desafios, mas reconhece que nunca esteve diante de uma crise médica das proporções que a pandemia do novo coronavírus causou. Superintendente do Hospital de Clínicas (HC), ela vive um período de intenso planejamento – já que os preparativos para o atendimento em massa começaram em janeiro, mas até o momento o cenário é de aparente tranquilidade.

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É que metade do hospital está destinada exclusivamente ao atendimento de casos de Covid-19, mas a ocupação ainda é baixa, com 14 dos 61 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reservados e com menos de dez pacientes na enfermaria. Mas Claudete está a postos, à frente de um batalhão de 3,5 mil servidores e 800 terceirizados, para dar aos casos encaminhados o melhor tratamento possível. Acima dela está apenas o conselho administrativo do hospital, que foi ampliado emergencialmente no momento de crise, para incluir mais profissionais com especialidades capazes de auxiliar na tomada de decisão.

Claudete atua como professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR) há 32 anos, sendo que de 12 anos para cá dedica-se também a cargos de gestão. Na superintendência do HC está há 3 anos. No comando de uma instituição com vocação acadêmica, Claudete se diz emocionada com o comprometimento dos profissionais. Muitos dos professores que estão dispensados das aulas (a UFPR não está oferecendo ensino virtual para os estudantes de cursos presenciais) se ofereceram para ir trabalhar no hospital. “É bem bonito ver isso”, resume.

O HC também está na linha de frente na área de pesquisa. É uma das instituições selecionadas pela Fiocruz para fazer os testes controlados com o uso de cloroquina, substância apontada como uma das possibilidades de tratamento para Covid-19. Claudete conta que outros experimentos, nas mais diversas áreas, já estão em curso ou em vias de serem autorizados pelo comitê de ética.

Como ginecologista, viu de perto muitas das transformações nos parâmetros de atendimento. Um exemplo que cita é o surgimento da AIDS, que passou a se intensificar a partir de 1986. “Antes disso, no momento do nascimento a gente pegava o bebê sem proteção, muitas vezes tendo contato com o sangue”, comenta. De lá para cá a Medicina enfrentou vários desafios, mas ela acredita que nada se compare ao que o mundo está vivendo agora. “Nunca vi uma situação igual, de parar tudo para cuidar da saúde”, diz.

Nesses momentos de adversidade, Claudete comemora o resultado da união de forças. Ela comenta que a Associação dos Amigos do HC tem sido fundamental para agilizar o contato com a sociedade, sem tantas amarras burocráticas. Foi a organização, por exemplo, que negociou com o Coritiba para ceder o alojamento do estádio Couto Pereira para profissionais de saúde descansarem, sem o risco de contaminarem suas casas, bem como fez uma campanha para doação do enxoval necessário (lençóis, toalhas e cobertores). “Somos todos contra essa doença”, finaliza.

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