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Metade da próxima safra de grãos do Brasil, que ainda nem foi plantada, já está vendida: e como fica o boicote?
| Foto: Michel Willian/Arquivo Gazeta do Povo

Uma ideia nascida no Paraná tem trazido bons frutos para o agronegócio não só do estado, como do país inteiro. Aposta renovada do governo federal para ampliar a exportação de produtos do campo, os adidos agrícolas tiveram papel fundamental na consolidação da soja e da proteína animal do Brasil no mundo todo na última década. E mais: devem ser peça-chave para a estratégia paranaense de conquistar nos próximos anos mercados mundiais que pagam melhor, como Estados Unidos e a União Europeia.

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Os adidos são profissionais que conhecem bem o agronegócio brasileiro e estudam os hábitos e cenários político e econômico de outros países de forma a facilitar a entrada dos nossos produtos nestes mercados. Em linhas gerais, atuam como embaixadores das commodities produzidas aqui – tanto que estão vinculados ao Ministério das Relações Exteriores. Atualmente, o Brasil tem 24 adidos agrícolas em 22 países, mas o governo federal já editou decreto expandindo esse número de profissionais para 28.

O papel, que hoje é fundamental na política econômica externa do Brasil, surgiu justamente no Paraná. Em 2008, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e o então ministro da Agricultura Reinhold Stephanes desenharam esse modelo de interlocução após dificuldades em negociar soja fora do Brasil, sobretudo em novos mercados. Alguns anos depois, profissionais de carreira da pasta passaram a atuar como embaixadores do campo brasileiro em todos os continentes.

A figura dos adidos foi implantada de fato apenas em 2011, com um número restrito (eram 12 em vez dos atuais 24), mas com resultados imediatos. Segundo números da Agricultura brasileira, em 2010 o Brasil exportou US$ 76 bilhões em produtos do campo. Esse número se elevou para US$ 94 bilhões um ano depois.

Nesses quase dez anos de atuação, eles tiveram papel fundamental para os principais produtos do agronegócio paranaense. Ampliaram, por exemplo, a entrada de proteína de aves, uma das grandes culturas do estado, na União Europeia, Índia e Coreia do Sul. Esse último país, aliás, importa do Brasil 80% do frango que consome, sendo boa parte disso saída do Paraná.

Com o provável reconhecimento internacional do Paraná como estado livre de vacinação da febre aftosa – um título sanitário que garante um selo de boas práticas ao estado –, espera-se que os adidos possam facilitar negócios de produtores paranaenses, como os de carne suína, em países europeus e asiáticos (hoje, Santa Catarina é o único estado com esse selo e o único que consegue entrar em mercados que pagam melhor). “A União Europeia é um mercado amplamente regulamentado (...). O acesso ao mercado de lá se torna uma referência mesmo que a inserção do produto foco naquele não seja o objetivo”, disse Bernardo Todeschini, adido brasileiro atuando no bloco europeu, em evento promovido pelo Sistema Ocepar na última semana.

“[O reconhecimento internacional de estado livre da vacinação de febre aftosa] Sem dúvida abrirá espaço para começarmos a trabalhar temas como a carne suína [na exportação para a Europa]”, avaliou.

O papel dos adidos também pode alavancar produções paranaenses em ascensão, como a da tilápia. Recentemente, cooperativas locais passaram a enviar o pescado para os Estados Unidos, um dos países que mais consome peixe no mundo. Por enquanto, no entanto, a participação brasileira é muito pequena. “A importação [de pescados nos EUA] foi de US$ 13 bilhões até agosto desse ano. Foi um número substancial e o Brasil participa com muito pouco. A gente sabe que o Brasil tem um potencial enorme e os EUA já são o maior mercado brasileiro hoje”, disse Filipe Sathler durante o evento da Ocepar. O adido brasileiro no país norte-americano sustenta que isso representa uma grande oportunidade para turbinar a exportação de tilápia paranaense – o Paraná é o maior produtor desse pescado no Brasil.

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