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Universidade Positivo é quem promove o evento.
Campus Ecoville da Universidade Positivo| Foto: Divulgação

O Paraná viu nos últimos dois meses de 2019 algumas de suas empresas mais tradicionais serem vendidas para grupos de outras partes do país. Nomes pesados estiveram envolvidos em negociações bilionárias e, apesar de permanecerem por aqui fisicamente, deixam de ser paranaenses. E por mais que essas movimentações prometam injetar recursos significativos na economia do estado, ao mesmo tempo geram incertezas a respeito de eventuais mudanças na marca e nos serviços que as companhias prestam hoje e em reformulações internas, sejam de estrutura ou de recursos humanos.

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De acordo com um levantamento da KPMG, no acumulado até o terceiro trimestre deste ano, 53 empresas paranaenses haviam sido vendidas, seja para grupos de outros estados ou de fora do país. Na comparação com o mesmo período de 2018, houve um crescimento de 20% na quantidade de transações. São números que posicionam o Paraná como principal alvo de aquisições na região Sul, superando Rio Grande do Sul (38 empresas vendidas) e Santa Catarina (26), e que representam 6% de todas as transações desse tipo no Brasil.

Nessa conta nem sequer entram as negociações mais recentes e robustas dos setores de educação e saúde. Só as vendas da Clinipam para o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) e do Hospital Santa Cruz e Paraná Clínicas para a Rede D’Or podem somar R$ 3,5 bilhões. No campo do ensino, a UniCuritiba, vendida para a Ânima Educação, e a Universidade Positivo, adquirida pelo Grupo Cruzeiro do Sul, respondem por negócios estimados em R$ 630 milhões.

Mesmo que sejam minoria em números absolutos, esses setores são representativos em termos de valores. O próprio Grupo Positivo já havia se desfeito em maio de seu sistema de educação ao vendê-lo para a cearense Arco Educação por R$ 1,65 bilhão, e também fez o caminho inverso ao comprar, em outubro, as unidades educacionais de outro colégio tradicional de Curitiba, o Expoente, por R$ 58,3 milhões.

“[Educação e saúde] são setores bastante atraentes, com margens de lucro interessantes. Elas têm o ticket médio maior. Mas elas não são as principais em quantidade, como companhias de internet e tecnologia da informação”, explica o sócio da KPMG responsável pelo estado do Paraná e de Clientes e Mercados da região Sul, João Panceri.

Esses movimentos do mercado não são exclusivos do Paraná. O número de fusões e aquisições vem subindo no país nos últimos anos, especialmente devido à crise econômica, exatamente o momento mais propício para esses tipos de transação. “O Paraná tem os mesmos potenciais de crescimento na participação de fusões e aquisições que outros estados. Não é um movimento pontual. Mesmo assim, o estado foi, é e continuará sendo um estado importante do ponto de vista econômico e da geração de empregos”, analisa o diretor de fusões e aquisições da Duff & Phelps, Alexandre Pierantoni.

Uma característica local, porém, sobressai. “São diversas empresas familiares e empresas com possibilidade de fortalecimento regional e nacional. Isso atrai o investidor estratégico e financeiro”, complementa.

Novos investimentos

Um temor recorrente nos momentos de aquisição é sobre o futuro do negócio que foi comprado. Naturalmente há mudanças, especialmente culturais e de governança, e logo surge a preocupação com a manutenção do quadro de funcionários. Entretanto, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que não há motivos para inquietação.

Os setores de educação e saúde, que passaram por vários processos de fusões e aquisições nos últimos meses, responderam pelo maior crescimento na geração de empregos formais no primeiro trimestre deste ano: 3,1%.

Segundo Pierantoni, as empresas que são alvo de compras recebem investimentos para melhorar a produtividade. Há uma expectativa de crescimento que precisa ser confirmado e isso significa entrada de recursos e, em muitos casos, inclusive, de mão de obra. “O aumento de produtividade, combinado com o crescimento e escalabilidade do negócio, aumenta o nível de emprego naquelas empresas. Quando bem sucedida a transação, há um aumento na contribuição da empresa para a economia e, portanto, com melhores práticas de governança corporativa e de controle. Isso traz resultados positivos”, avalia Pierantoni.

Nesse sentido, entre as transações mais significativas no estado, o Hospital Santa Cruz deve se beneficiar de investimentos nos próximos anos, o que pode significar abertura de vagas. “Vamos entrar já anunciando a construção da segunda torre do Hospital Santa Cruz, o que permitirá aumentar significativamente o atual número de 220 leitos, e também colocaremos a infraestrutura necessária para a realização de cirurgias robóticas”, garantiu em comunicado oficial o vice-presidente da Rede D’Or, Paulo Moll. A NotreDame Intermédica, que adquiriu a Clinipam, falou em “relevante potencial de expansão” e “estratégia de crescimento e de fortalecimento” quando o negócio foi anunciado.

Ainda no mesmo segmento, a holding paulista de serviços de saúde Hospital Care vai injetar nos próximos anos R$ 40 milhões para expansão e modernização do Hospital Pilar. O anúncio foi feito no início de dezembro. “A chegada da Hospital Care vai nos permitir tirar do papel os planos de crescimento e de aprimoramento da nossa infraestrutura, tanto física quanto clínica”, destacou o presidente do Hospital Pilar, Rodrigo Milano, em comunicado à imprensa.

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