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Corredor Bioceânico de Capricórnio pode deixar a China 3.300 km mais perto
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Reduzir em mais de 3.300 quilômetros o percurso marítimo de cargas da América do Sul destinadas aos mercados asiático e africano e, por consequência, baratear o custo logístico em torno de 30% são os principais ganhos que podem se viabilizar com o Corredor Bioceânico Multimodal de Capricórnio. O corredor vai ligar o porto de Paranaguá, no Paraná, com Antofagasta, no Chile, numa integração multimodal envolvendo Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

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Entre as rotas mais usuais para os continentes, estão via Estreito de Magalhães, Cape Horn, Canal de Panamá e Canal de Suez. No caso do Estreito de Magalhães, por exemplo, são 21.989 quilômetros, tendo 49 dias e 11 horas como tempo de viagem. O Corredor Antofagasta - Shangai diminui essa distância para 18.677 quilômetros, reduzindo para 42 dias e 1 hora de viagem.

A proposta é o ponto central do Fórum Internacional de Logística Multimodal Sustentável (Films) – Corredor Bioceânico de Capricórnio, aberto na noite desta quarta-feira (11) e que prossegue até este sábado (14), em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. O evento está reunindo representantes do poder público da área de infraestrutura e relações internacionais, empresários do setor de logística, técnicos, pesquisadores, investidores e lideranças empresariais e políticas. O Films é promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (Acifi), executado pelo Instituto Poloiguassu e tem apoio e patrocínio da Itaipu Binacional.

“Além da redução dos custos logísticos, o corredor levará desenvolvimento e atração de novos investimentos em toda a sua extensão”, disse Danilo Vendrúsculo, presidente da Acifi. Ele destacou, na abertura do evento, a importância da conexão. “Muitas cargas exigirão a operação de dois ou mais modais. Buscaremos sempre tarifas competitivas em nível internacional”, frisou.

Oceano Pacífico é a melhor saída para a Ásia

“Hoje o nosso grande parceiro comercial não é mais a União Europeia, e nem os Estados Unidos. É a China. A região que mais cresce é a asiática. Temos que direcionar as nossas forças para onde há crescimento e não para onde há retração”, disse João Carlos Parkinson de Castro, ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, especializado em logística, que fez a palestra de abertura do evento.

O ministro destacou que há fluxos de cargas tradicionais, para a Europa, que não vão mudar e continuarão saindo pelo Atlântico. “Mas, se queremos acessar novos mercados, como a Coréia e outros países asiáticos, devemos exportar pelo Pacífico”, disse.

Castro destacou a importância do porto chileno de Antofagasta e de outros portos. “O Chile tem portos naturais, de grandes calados. A economia do Chile cresce em direção à ampliação de serviços, por isso seus portos ganham relevância e se modernizam. Mas, o Chile não tem carga suficiente e depende das nossas cargas”, observou.

Questionado sobre uma possível concorrência entre o porto chileno e o porto de Paranaguá na exportação das cargas paranaenses, o ministro disse que “o corredor bioceânico vai favorecer tremendamente o Oeste do Paraná”, cujas cargas destinadas à Ásia seriam exportadas via Oceano Pacífico. “Precisamos saber também até que ponto o Porto de Paranaguá vai absorver todo o aumento das produções do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e do Paraguai que hoje, em grande parte, saem pelo terminal paranaense”, questionou.

Corredor de Capricórnio pode ser o mais viável

Um corredor ligando os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile), usando os mais diferentes modais, não é uma ideia nova. É debatido há pelo menos 20 anos. Segundo informações da Acifi, técnicos brasileiros analisaram, diante disso, a possibilidade de dez corredores estratégicos ao país, e o de Capricórnio é considerado o mais viável técnica, econômica e ambientalmente. Para viabilizar o corredor, serão necessários investir em trechos de ferrovias, rodovias, rotas aquaviárias, além de viabilizar terminais multimodais, centros integrados e uma eclusa.

A parte ferroviária brasileira no projeto é a Nova Ferroeste, com extensão de 1.304 quilômetros entre Paranaguá e Maracaju, no interior do Mato Grosso do Sul. Para atrair os investidores, em um projeto global que deverá chegar aos US$ 9,5 bilhões, estão redução do frete, diminuição de distâncias e de tempo entre destinos, além de navegação por áreas oceânicas mais seguras às embarcações.

***A repórter viajou para Foz do Iguaçu a convite dos organizadores do Fórum Internacional de Logística Multimodal Sustentável (FILMS).

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