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Um curitibano de 44 anos está com covid-19 mas não aparece na estatística oficial da Secretaria Estadual de Saúde. Explica-se: ele estava em São Paulo, a trabalho, quando sentiu-se mal e procurou atendimento no Hospital da Beneficência Portuguesa, na capital paulista. Com histórico de viagem para os Estados Unidos no começo do mês, foi solicitado o exame, que confirmou a contaminação pelo novo coronavírus. Orientado pelos médicos, ele voltou para Curitiba e cumpre quarentena domiciliar.

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Ele, que prefere se manter anônimo, esteve em Miami entre os dias 2 e 12 de março, de férias, com o filho. Como turista, diz que não estava acompanhando o noticiário e não havia nenhuma orientação ou medida preventiva em rigor nos lugares pelo qual passou, mesmo em aglomerações. Ele conta que só depois soube que a comitiva do presidente Jair Bolsonaro esteve lá na mesma época, com vários casos posteriormente registrados.

No início da viagem, em Miami, o curitibano se sentiu indisposto e congestionado, mas esse quadro logo passou, relata. De volta ao Brasil, estava bem, trabalhou no dia 12 em Curitiba e no dia seguinte foi a São Paulo, realizar visitas a clientes da área médica. Nessa noite, sentiu-se mal, com febre, enjoo. No dia seguinte, viu que estava com temperatura de 38,1° e por isso foi ao hospital. “Fiquei muito em dúvida, o brasileiro, enfim, não tem o hábito de se consultar por gripe, se trata em casa. Fui ao médico em função da divulgação do coronavírus, senão não teria ido. A sensação é de um resfriado comum, e já tive resfriados piores. Não foi nada muito agressivo”, relata. O hospital encaminhou o exame ao Laboratório Fleury, que confirmou o diagnóstico.

Entretanto, houve um momento de pânico, conta o entrevistado. “A questão mais preocupante é que quando cheguei de viagem tive uma reunião com minha chefe, ela já faz parte do grupo de risco, tem mais de 60 anos e tem problemas respiratórios. Então tivemos um momento de pânico, em função do risco que expus ela à contaminação, obviamente sem saber. Mas acabou por desenvolver uma consciência do perigo que é não cuidar da questão da transmissão. Mas ela já fez o teste, deu negativo, está tudo certo”, diz.

A família procurou atendimento médico em Curitiba, mas como não apresentaram sintomas, não foi solicitado teste. A quarentena foi uma sugestão médica, acatada de forma consciente, diz, assim como as orientações sobre evitar compartilhamento de utensílios domésticos.

Já diagnosticado com o coronavírus, o entrevistado foi orientado pelo médico em São Paulo a usar álcool gel e máscaras no voo para Curitiba. “Quase todas as pessoas estavam de máscara, mas como eu estava, estou ainda, com tosse, a cada tossida, um susto. Eu tossia, todo mundo virava para olhar. Tem essa questão do medo, do pânico da pandemia. Até um certo preconceito”, conta.

Atendimento

A resposta médica foi considerada muito boa pelo curitibano. “O atendimento foi excelente, o hospital tinha uma área com isolamento para as pessoas com suspeita. Havia álcool gel e máscara, as pessoas que me atenderam também estavam de máscara, o atendimento foi rápido. Acho que no aspecto de saúde, estamos bem assessorados”, opina, acrescentando que está sendo monitorado remotamente por infectologistas do Beneficência Portuguesa. Para ele, que não tem nenhuma doença crônica ou pré-existente, o maior desafio para a sociedade é assumir novos hábitos: “Temos é que cuidar do nosso comportamento, não expor pessoas com maior risco ao vírus. É mais sério do que a gente pensa”.

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