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Desconfiado das pessoas? Projeto aponta como vencer barreira crônica entre curitibanos
| Foto: Instituto Sivis/Divulgação

A falta de confiança no próximo e nas instituições formadas pela comunidade pode explicar a resistência do curitibano em buscar participação social. Além disso, a inexistência do sentimento de pertencer faz com que o cuidado com o que é de todos muitas vezes seja deixado de lado.

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Essas são as principais conclusões de um trabalho de pesquisa realizado com mais de 100 lideranças da capital paranaense ao longo deste ano (2019). O levantamento foi feito pelo Instituto Sivis - antigo Instituto Atuação -, que está em Curitiba desde 2010 e tem o objetivo de fortalecer a democracia. Ao longo de 2019, encontros foram promovidos com líderes comunitários para buscar compreender a falta de engajamento dos curitibanos.

O Relações Institucionais do Sivis, Jamil Assis, explica que é preciso incentivar a participação nos processos coletivos. Para isso, garante, é necessário que as pessoas entendam que podem agir e promover mudanças no ambiente em que estão inseridas. “Um dos problemas é o sentimento de falta de eficácia, de ‘quem sou eu para transformar a sociedade’”, pontua.

Juntamente com essa sensação de incapacidade está a falta de confiança de que vale a pena o empenho e a dedicação em algo que é de todos. E essa falta de confiança é comprovada em números. Segundo pesquisa realizada no ano passado (2018) pelo Latinobarômetro, apenas 4% dos brasileiros confiam em outras pessoas. O levantamento mostrou que para 84,2% dos entrevistados somente amigos e familiares são confiáveis.

Mas há exemplos que mostram o quanto confiança e engajamento mudam a comunidade. Um desses exemplos vem do bairro Tatuquara, em Curitiba, e tem nome e sobrenome: Associação Vovô Vitorino. A entidade, sem fins lucrativos, atua há 27 anos com o objetivo de transformar a comunidade. E a missão tem dado certo.

Atualmente, aproximadamente 500 pessoas passam pela associação todos os meses. Há espaço para crianças, adolescentes, adultos e idosos. As atividades são diversas: projeto de educação infantil, projeto para interação de jovens e formação de líderes, oficinais que ajudam no aprendizado de novas habilidades para o mercado de trabalho. Isso sem citar as aulas de dança, artesanato, música, programas de reciclagem.

A coordenadora de projetos da Associação, Maria Julia Xavier, diz que o espaço é respeitado por todos no bairro. Para ela, os moradores sentem satisfação em contar com um local de apoio e, por isso, respeitam e se sentem parte dos projetos. “Nós temos um muro gigante e não temos nenhuma pichação. Há respeito pelo local, a própria comunidade ajuda a cuidar”, avalia.

A entidade atende uma média de 5 mil pessoas por ano. Todas as aulas, oficinas e eventos promovidos são gratuitos. O local tem parcerias com grandes empresas, mas não recebe recursos públicos.

A Associação Vovô Vitorino é uma das que participa de estudos e projetos constantes do Instituto Sivis. Os aprendizados obtidos pela entidade são compartilhados com outras pessoas e instituições. Para expandir e multiplicar ações de engajamento e colaboração, o Instituto Sivis lança, na semana que vem, o documento Agenda Comum. A publicação faz parte do programa Cidade Modelo, que pretende traçar possibilidades para fortalecer a cultura democrática e gerar impacto global.

O evento de lançamento do Agenda Comum é na próxima segunda-feira (25), no Encontro da Amazônia, rua Nilo Peçanha, 1907, bairro Bom Retiro, em Curitiba. Interessados precisam se inscrever por email: sara@sivis.org.br.

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