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Grupo de supermercados doou monitores e respiradores aos estado| Foto: Divulgação

Responsáveis por levantar montantes milionários ao longo de um ano de pandemia de coronavírus, as campanhas de arrecadação de doações no Paraná têm sido importantes para acelerar a compra de equipamentos e insumos para o combate à Covid-19.

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Sem poder fazer contratações mais ágeis com dispensa de licitação desde dezembro, o governo do Paraná está pleiteando junto ao Congresso Nacional que a lei 13.979/20 seja reeditada. A legislação, que deixou de vigorar em 2020, permitia a contratação de equipamentos e insumos sem necessidade de licitação durante a situação de emergência sanitária causada pelo vírus.

Enquanto a desburocratização das compras não é permitida, a mobilização de cidadãos e empresas paranaenses tem sido responsável por agilizar a resposta ao colapso do sistema de saúde. Somente nesta segunda-feira (29), uma doação viabilizou a abertura de 52 novos leitos de UTI para pacientes de Covid-19 no Hospital do Rocio, instituição pública que é referência para o tratamento do coronavírus na Região Metropolitana de Curitiba.

A doação equivale a R$ 3,2 milhões e não foi feita em dinheiro, mas sim diretamente em equipamentos, uma vez que para as empresas a burocracia para realizar a compra é menor. Somente na semana passada, o governo do Paraná recebeu em máquinas mais de R$ 10 milhões em doações de 42 pessoas jurídicas: foram pelo menos 135 respiradores e 70 monitores, além de outros insumos.

“Como a gente não precisa passar por licitação, a gente consegue às vezes ser muito mais rápido que o poder publico, porque mesmo a dispensa de licitação é lenta, tem regras rígidas a serem seguidas. É por isso também que muitas das doações a gente tem feito em nome próprio, porque até mesmo as empresas têm regras e processos pra fazer doações”, explica Lucas Guimarães, um dos empresários que encabeçam campanhas de arrecadação no estado.

Ligações, mensagens, desafios e leilões

No início de março, Guimarães foi um dos responsáveis por mobilizar empresários numa “vaquinha relâmpago" que viabilizou em 24 horas a compra de 10 respiradores para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR).

Nos bastidores da arrecadação, campanhas públicas, mensagens em grupos no WhatsApp e ligações pessoais. "O que eu fiz foi ligar pras pessoas que eu conheço, empresários que eu sei que têm condições. Mostro que eu mesmo estou fazendo uma doação e que isso é importante... É claro que algumas pessoas você queria que ajudassem mais, mas pouquíssimas pessoas com quem falei até agora não ajudaram", conta o empresário.

À época a doação foi feita diretamente à instituição, mas o mesmo grupo de pessoas participa também da campanha O Amor Contagia, que desde março de 2020 já levantou mais de R$ 10 milhões para repassar a hospitais e instituições públicas e filantrópicas de todo o Paraná. A campanha conta com o apoio de instituições públicas e muitas empresas do estado, como Ademilar, Laguna, Boticário, Ebanx, Electrolux, Positivo, Renault e W/Investments; além de grupos como o MEX-Mulheres Executivas e o Diretivo RH.

A Associação Amigos do HC (AAHC) também trabalha na arrecadação para o combate à pandemia e já levantou a soma de R$ 4.907.429,97 por meio de doações, da Megamania e da Rede de Solidariedade, outra iniciativa de um grupo de Curitiba que se uniu para ajudar os hospitais nesse momento crítico. O dinheiro foi usado para a compra de respiradores, sistemas de alto fluxo de ventilação e insumos, equipamentos vitais para o combate à Covid-19 dentro do hospital que é referência no tratamento da doença.

Entre as doações para a compra de insumos médico-hospitalares destacam-se os R$ 284 mil arrecadados em março deste ano, utilizados para a aquisição de produtos como máscaras N95 e equipamentos de proteção individual. Outras doações recebidas desde o início da pandemia incluem 2,5 mil testes rápidos para detecção do vírus.

A Campanha Amor Contagia recebe doações da sociedade e mantém um site para a prestação de contas de tudo o que entra e sai. Os depósitos são feitos em nome próprio ou de companhias, de forma direta ou por meio de ações inusitadas. Em setembro de 2020, durante um  “respiro" nos casos de Covid-19, um leilão de vinhos feito por meio de um grupo de WhatsApp arrecadou mais de R$ 100 mil.

“Naquela época parecia que estávamos vencendo a pandemia e decidimos fazer algo mais descontraído para encerrar as doações. Mas agora não temos nem clima para uma ação dessas, nesse momento de agravamento da doença. Reativamos a campanha, as doações seguem, mas as pessoas estão muito consternadas com tudo o que está acontecendo", explica Guimarães.

A arrecadação em dinheiro, no entanto, esbarra nos limites de insumos técnicos e humanos. Mesmo com milhões de reais em mãos, poder público e hospitais privados têm dificuldades em ampliar a oferta de mais leitos por causa da escassez e esgotamento dos recursos humanos.

"Estamos doando, mas precisamos da ajuda da população. Assim como é um ato de amor você doar, é um ato de amor você se proteger. Não adianta o governo decretar o que quer que seja se as pessoas não seguirem as orientações e ajudarem a parar os contágios" salienta o empresário.

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