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CPI da JMK
Depoimento de Aldo Marchini Junior na CPI da JMK, na Assembleia Legislativa do Paraná.| Foto: Dálie Felberg/Alep

Durante depoimento aos membros da “CPI da JMK” na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o empresário Aldo Marchini Junior, dono da JMK Serviços S.A., alegou ter sido vítima de abusos cometidos pelo delegado-chefe da Divisão de Combate à Corrupção, Alan Flore, responsável pela condução da Operação Peça Chave, deflagrada em maio. O depoimento, de quase duas horas, foi prestado na manhã desta terça-feira (29). O delegado se defendeu: “isso é um absurdo total, estratégia de defesa” (leia aqui).

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Marchini disse que entraram em sua residência sem explicar os motivos – “não me mostraram os mandados de prisão e de busca e apreensão”. Também disse que o delegado Flore teria logo questionado sobre se havia alguma participação do atual governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), e do ex-chefe do Executivo Beto Richa (PSDB), e ainda sugerido que uma eventual delação envolvendo as duas autoridades o tiraria da prisão.

“Não vai falar nada sobre Beto Richa e Ratinho? Não. Porque eu não sei nada. Não tenho o que falar”, teria respondido Marchini, segundo o próprio. “Foi um show a hora que entraram na minha casa”, continuou o empresário. Sem dar detalhes, a defesa de Marchini sustenta que levou o assunto “às autoridades competentes”.

"Estratégia da defesa"

Procurado pela Gazeta do Povo, o delegado Flore rechaçou a acusação: “isso é um absurdo total, estratégia de defesa”. A Polícia Civil também foi procurada pela reportagem e se manifestou através de uma nota: “A Polícia Civil não comenta afirmações que fazem parte da estratégia de defesa” do implicado.

No relato aos parlamentares, Marchini ainda disse que, ao rejeitar a delação, teria sido transferido do Complexo Médico Penal, em Pinhais, para uma cela lotada no 11ª Distrito Policial, “junto com o pessoal do tráfico”. “Uma situação muito difícil para mim. Depois, os meus advogados conseguiram me tirar da cela”, disse.

O delegado Flore sustenta que Marchini “se fazia acompanhar por advogados a todo momento” e que “não existe carceragem na Divisão de Combate à Corrupção, motivo pelo qual não sou eu que determina onde uma pessoa deverá ficar custodiada”.

Por causa dos relatos, os membros da CPI da JMK concordaram em enviar um ofício ao delegado Flore, para questioná-lo sobre o assunto. “Mesmo não sendo objeto da CPI, toda questão que chega ao nosso conhecimento, que fere direitos individuais ou coletivos, temos obrigação de nos manifestarmos”, ponderou o deputado estadual Michele Caputo (PSDB).

Ao longo do depoimento na CPI da Alep, Marchini também negou ter cometido os crimes apontados no inquérito. No mês passado, ele e outras 13 pessoas foram indiciadas no caso, que apura fraude à licitação, fraude na execução de contrato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A investigação apurou irregularidades no contrato firmado pelo governo do Paraná em 2015 com a empresa JMK, responsável pela contratação de oficinas mecânicas para consertos da frota oficial.

Empresário diz que governo fez pressão para romper o contrato com a JMK

A empresa foi contratada para fazer "o gerenciamento, controle e fornecimento de manutenção preventiva e corretiva da frota oficial de veículos", mas, segundo a Polícia Civil, ela teria fraudado orçamentos de oficinas mecânicas, aumentando o valor do serviço.

“O Deto [órgão do governo do Paraná] recebia três orçamentos, sempre dentro dos parâmetros exigidos pelo contrato”, relatou Marchini, aos membros da CPI.

Sem dar detalhes, Marchini também disse que houve “pressão de todas as formas”, por parte da gestão Ratinho Junior, para “romper o contrato”.

Em nota encaminhada à Gazeta do Povo, a pasta da Administração informou que “o governo do Paraná tem absoluta tranquilidade quanto à lisura do processo que levou ao rompimento do contrato com a empresa JMK” e que “em nenhum momento a atual administração cogitou a renovação da prestação de serviços com esta empresa, exceto por um curto período emergencial”.

Em julho de 2019, com dispensa de licitação, o governo do Paraná contratou a empresa Maxi Frotas para fazer a manutenção e o conserto dos veículos oficiais, em substituição à JMK. O contrato deve seguir até o final do ano, ao custo de até R$ 38.657.957,20.

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