Foi em pleno ninho tucano. “Eduardinho, desde o começo [você foi] um grande parceiro. Eu olho para você na prefeitura e vejo como o prefeito Rafael Greca tem sorte de ter você do lado. Porque você é afável, é querido na periferia, faz um grande trabalho. Tenho certeza de que vou reconhecê-lo bem um dia. Você será bem quisto, abraçado, beijado”, disse o deputado estadual Delegado Francischini (PSL), direcionando a fala ao atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSDB), durante a convenção do diretório estadual tucano, no último dia 6.
A troca de afagos revela que, com pouco mais de um ano para as eleições que definirão o novo prefeito de Curitiba, a briga nos bastidores pelo Palácio 29 de Março, começou a esquentar. E, nesta batalha, que irá contrapor a urgência por renovação vigente na política brasileira com o poderio de fogo de figuras tradicionais, poderá caber ao jovem e discreto vice-prefeito um papel de fiel da balança.
À reportagem, Francischini confirmou o convite a Pimentel para que integre sua chapa na eleição municipal de 2020. “Já convidei. Ele está dependendo do sinal do PSDB e do [prefeito] Greca sobre se ele ainda vai estar na parceria”, disse. O deputado estadual, que fez mais de 400 mil votos na disputa pela Assembleia Legislativa, no ano passado, é um dos postulantes a chefe do Executivo Municipal. Mas deve ter como seu maior adversário justamente o atual prefeito, Rafael Greca (DEM), que já se articula para a disputa do ano que vem.
Com seu PSDB esfacelado após as prisões e seguidas investigações que escantearam o então maior nome tucano no estado, Beto Richa, Eduardo Pimentel viu as chances de disputar a prefeitura em 2020 se tornar muito mais um plano B. Por outro lado, se isolou no posto de grande esperança para o futuro da legenda no estado, já que seu maior rival em casa, Marcello Richa (PSDB), foi varrido pela mesma hecatombe que levou seu pai. Enquanto a avenida se abre para construir seu caminho, o tucano virou uma interessante moeda de troca para os que querem compor uma base com a ainda influente sigla.
Neto do ex-governador Paulo Pimentel, descendente da tradicional família Slaviero e tido como de fácil trato pelo seus pares, o vice-prefeito é o elo que boa parte das lideranças que entrarão com força na briga pela prefeitura querem, incluindo Ney Leprevost (PSD), João Arruda (MDB), além de Greca e Francischini. E, para eles, toda ajuda é necessária.
“O curitibano tem sido bastante exigente com os últimos prefeitos. Haja visto a não reeleição de Gustavo Fruet [PDT, derrotado nas urnas em 2016], a não reeleição do Luciano Ducci [PSB, derrotado em 2012]. Isso mostra que o eleitor tem sido bastante crítico. Cabe ao atual prefeito já começar a fazer sua projeção para reeleição [se quiser romper essa sequência], para não retardar sua comunicação política”, exemplifica Doacir Quadros, cientista político e professor do grupo Uninter.
Se em 2016 Greca chegou a classificar Pimentel como “vice dos sonhos”, isso se intensificou. Aos postulantes ao 29 de Março, interessa o bom trânsito do político, de 34 anos, além de uma popularidade que passou a ser construída graças à presença constante em ações de Greca e à atuação por dois anos como secretário de Obras do município. “Deu para fazer o maior pacote de revitalização de asfalto dos últimos tempos. Consigo fazer muito esse trabalho do apoio às secretarias e relacionamento institucional. Tenho uma relação muito forte com os vereadores e com o governador do estado [Carlos Massa Ratinho Junior, do PSD]. E também com o governo federal”, destaca Pimentel.
Para analistas, levar Pimentel significa garantir uma coalizão com um partido manchado, mas ainda com representação na Câmara dos Vereadores, e que ressurge nacionalmente – João Doria, governador de São Paulo, é tido como um dos homens fortes em um cenário de sucessão presidencial.
Apesar do papel-chave, o PSDB paranaense mantém o discurso de alinhamento com Rafael Greca. “O diretório municipal terá autonomia para tomar sua decisão. Nosso objetivo, e também o dos vereadores, além do próprio Eduardo, é manter a aliança com Greca. Uma aliança que vem dando certo”, destaca o deputado estadual Paulo Litro, líder da legenda no Paraná. “Se caso lá na frente não for possível, nossa ideia é lançá-lo como candidato a prefeito aqui em Curitiba. Existe, inclusive, um pedido da executiva nacional para que se lancem candidatos do PSDB nas maiores cidades do país, principalmente capitais”, diz.
É o cenário menos provável para o vice-prefeito, que, aos 34 anos, se mantém em uma toada “low profile”. E estratégica. “Vamos acompanhando os acontecimentos”, diz ele.
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