• Carregando...
Ney Leprevost foi secretário da gestão Ratinho Junior durante um ano e meio
Ney Leprevost foi secretário da gestão Ratinho Junior durante um ano e meio| Foto: Rodrigo Felix Leal/Arquivo ANPr

Depois de quase um ano e meio no comando da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do governo do Paraná, o ex-deputado estadual e ex-vereador de Curitiba Ney Leprevost (PSD) vai reassumir o mandato de deputado federal em Brasília. A exoneração do cargo que ocupava na gestão Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) foi publicada no último dia 3. A partir daí, ele tem até 15 dias para reassumir na Câmara Federal. A mudança acontece em cumprimento à legislação eleitoral: para que possa disputar a prefeitura de Curitiba nas eleições deste ano, ele precisava deixar o posto no Executivo.

RECEBA notícias do Paraná pelo WhatsApp

Leprevost está decidido a concorrer novamente à cadeira de prefeito da capital paranaense. Em 2016, chegou ao segundo turno com Rafael Greca (DEM), atual prefeito de Curitiba e pré-candidato à reeleição. Em entrevista à Gazeta do Povo na última sexta-feira (5), Leprevost contou que a maior liderança do PSD no Paraná, Ratinho Junior, já garantiu a ele que a legenda terá candidatura própria. “Eu não tenho o apoio do governador para a campanha. Ele deixou claro que ficará neutro no primeiro turno, porque tem vários aliados como pré-candidatos. Mas eu tenho a garantia dele da candidatura própria do PSD”, afirmou ele.

A explicação de Leprevost tem relação com a recente filiação de Eduardo Pimentel no PSD. Atual vice-prefeito de Curitiba, Pimentel deixou o PSDB e entrou na sigla de Ratinho Junior no início de abril, de olho na possibilidade de repetir a dobradinha com Rafael Greca (DEM). Assim, o PSD deixaria de lançar candidatura própria, e passaria a compor a chapa com DEM. Na entrevista concedida à Gazeta do Povo, Leprevost nega que tal articulação tenha avançado - “ser vice novamente de Greca, pelo PSD, é algo que ficou praticamente inviabilizado para ele [Eduardo Pimentel]” – e acrescenta que o novo filiado “pode até vir a ser um bom vice na minha chapa”.

Leprevost também fez críticas a Rafael Greca, já em tom de campanha eleitoral. Durante a entrevista, disse acreditar que o atual chefe do Executivo está isolado politicamente por incapacidade de “agregar”. “O prefeito Greca, com todo respeito que eu possa ter pela pessoa dele, não me parece ser alguém que está preocupado com o ser humano. O grupo que o cerca é muito mais econômico do que político. Eu diria até que, politicamente, o prefeito está isolado. Age de forma prepotente e afasta as pessoas. Passaram-se quatro anos da eleição em que disputei o segundo turno e jamais tive dele um gesto magnânimo que se espera daqueles que ganham eleições. Nunca fui sequer convidado para ir à prefeitura discutir Curitiba. Nunca ouvi uma palavra de desculpas pelas ofensas infundadas que fez a mim na eleição passada. E vejo nele alguém que tem uma vocação autoritária muito forte”, atacou Leprevost.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel se filiou ao PSD recentemente, inclusive com o apoio de lideranças estaduais do PSD, e isso foi interpretado como um respaldo da legenda à candidatura de reeleição do Rafael Greca. Ou seja, uma chapa entre DEM e PSD, com Greca e Pimentel. O senhor também viu o gesto de filiação do Pimentel como um veto à sua candidatura?

O Eduardo Pimentel é uma jovem liderança de futuro promissor na política do Paraná. Creio que qualquer partido abriria espaço para ele fazer política. Mas, ficou muito claro ao longo do processo, que isso não significou que exista nenhum tipo de compromisso do partido, do governador, ou de qualquer liderança, em relação a ele permanecer como vice do Rafael Greca. Na verdade, ele fez uma operação de extremo risco político. Talvez tenha sido até mal orientado neste sentido. Mas hoje ele é um membro do PSD, nós o acolhemos, queremos vê-lo ter um futuro político bastante positivo. Mas, ele mesmo sabe, e o próprio governador Ratinho Junior deixou isso muito claro para ele e publicamente, que o partido tem um pré-candidato a prefeito, que este pré-candidato sou eu, e que o PSD vai caminhar para construir candidatura própria em Curitiba. Respeitamos o Eduardo Pimentel, gostamos dele, mas acreditamos que ele pode até vir a ser um bom vice na minha chapa. Ser vice novamente de Greca, pelo PSD, é algo que ficou praticamente inviabilizado para ele.

Ratinho Junior é a principal liderança hoje do PSD no Paraná. O senhor tem o apoio dele, então?

São coisas distintas. Eu não tenho o apoio do governador para a campanha. Ele deixou claro que ficará neutro no primeiro turno. Ele não pretende se envolver na eleição de Curitiba, até porque ele tem vários aliados como pré-candidatos. O [deputado estadual] Francischini (PSL), que é presidente da CCJ, o [deputado federal] Luizão (Republicanos), que é de um partido que faz parte do governo, a [deputada federal] Christiane Yared (PL), que apoiou o Ratinho para governador. Então o governador tem dito o seguinte: ele e o governo não estarão na campanha. Mas eu tenho a garantia do governador, que é uma pessoa na qual eu confio muito, e à qual eu sou extremamente grato pela oportunidade que tive de servir ao Paraná no seu governo, eu tenho a garantia dele da candidatura própria do PSD. Isso é um fato consumado já. São duas coisas distintas. O apoio do governo e do governador é uma coisa e a garantia de candidatura pelo PSD é outra coisa. A segunda já está dada pelo governador e já é pública e notória.

O senhor defende o adiamento das eleições, por causa da pandemia do coronavírus?

Eu defendo o adiamento das eleições, mas não a prorrogação dos mandatos. Na minha opinião, o ideal é que a eleição seja na última semana de novembro ou na primeira semana de dezembro.

Assim como outras legendas do Centrão, o PSD nacional tem se aproximado da gestão Bolsonaro, inclusive com indicação para cargo no governo federal. Aqui no Paraná, o governador Ratinho Junior também se comporta como um aliado do presidente Bolsonaro. Que visão que o senhor tem hoje desta relação entre PSD e o Bolsonaro e como será a sua atuação na Câmara Federal?

Sinceramente, eu não sei te dizer se o PSD nacional está compondo o governo federal com algum cargo ou não. Entendo que o momento é de todos ajudarmos o Brasil. A hora não é de criarmos instabilidade política, não é momento para incentivarmos radicalismo, nem de esquerda, nem de direita. A minha posição na Câmara Federal vai ser coerente com o que eu sempre preguei ao longo da minha vida, que é a democracia, a defesa da liberdade de expressão, uma postura intransigente a favor do cumprimento dos preceitos constitucionais. No entanto, não espere de mim nenhum tipo de postura violenta contra o governo federal. Até porque acredito que o momento é de união, de soma de esforços. Sempre que pudermos conciliar, buscar convergência entre pessoas que pensam diferente, nós nos esforçaremos para isso. Admito que o presidente da República exagera muitas vezes em sua retórica. Vejo também na oposição atitudes radicais que em nada contribuem para o país, como, por exemplo, a deturpação da passeata que ocorreu em Curitiba na última segunda-feira (1º), quando aconteceram episódios de vandalismo e depredação de patrimônio público e privado. Eu discordo e repudio isso. O que eu quero para o Brasil é união, desenvolvimento, progresso, com respeito à liberdade de expressão e aos direitos fundamentais do cidadão e é nesta linha que vou atuar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]