As eleições municipais ocorrem em outubro de 2020, mas as discussões sobre o que Foz do Iguaçu precisa para continuar crescendo e o que melhorou nos últimos três anos são recorrentes. Apesar de a cidade ter conquistado várias melhorias, inclusive financeira, o próximo prefeito ainda terá muitas batalhas a vencer.
3 áreas que precisam melhorar
1 - Investimento na saúde
A saúde ainda é apontada por empresários, jornalistas e comunidade em geral como uma das principais lacunas do município, embora já tenha registrado avanços. “Na minha opinião, a logística e a saúde avançaram pouco por falta de atenção e investimentos do setor público”, diz o empresário Danilo Vendruscolo, presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento.
A cidade, por fazer fronteira com o Paraguai e a Argentina, onde vivem milhares de brasileiros radicados nos países vizinhos, somado ao fato de ser turística, com elevada população flutuante, tem uma demanda grande por serviços de saúde e dificuldade para financiá-la.
Uma alternativa apontada pelo vice-prefeito de Foz, Nilton Bobato, para resolver o impasse seria o governo federal reconhecer que os serviços em Foz assistem a uma população muito maior do que seus habitantes, promovendo o repasse de recursos de acordo com essa realidade.
Outro problema apontado é a obrigação do município em custear o Hospital Municipal no lugar do governo estadual - a Secretaria de Estado da Saúde nega ser responsabilidade dela. Ao financiar a unidade hospitalar, que custa em média R$ 7 milhões por mês, a prefeitura alega que deixa de investir na atenção básica, de prevenção. “O Hospital tem sido financiado pelo município, quando deveria ser tripartite (MS- SESA-PMFI)”, diz o presidente do Conselho Municipal da Saúde, Sadi Buzanelo.
2 - Segurança pública
Ainda devido à localização de Foz, a segurança pública é outro desafio, apesar de não ser da alçada municipal. Nos últimos anos, o contrabando de drogas, armas e munições, operado por quadrilhas com conexões com o crime organizado no Brasil, trouxe para a cidade um grau de periculosidade incomum para um município do interior e do porte de Foz do Iguaçu.
Uma das sugestões apontada por especialistas é ampliar a interlocução com os governos estadual e federal, além de articulação com as forças policiais do Paraguai e Argentina.
3 - Infraestrutura viária
A cidade é um dos mais importantes destinos turísticos brasileiros e um polo logístico importante no âmbito do Mercosul, sendo uma das principais rotas terrestres para o comércio com o Paraguai, Argentina e Chile. Hoje todo este fluxo de caminhões passa pelo centro da cidade até o Porto Seco (estação aduaneira), congestionando as principais vias.
A construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, segunda ponte ligando Foz ao município vizinho paraguaio de Presidente Franco, além de uma rodovia perimetral que desviará este fluxo do centro, demandarão das próximas gestões o reordenamento territorial e viário da cidade.
Nesta reorganização territorial, o município precisará destinar áreas para instalação/realocação de transportadoras, responsáveis por grande parte do PIB municipal, próximo às novas rotas de comércio internacional, bem como realocar o Porto Seco. Na parte viária, terá de recuperar as rodovias e reordenar os fluxos para atender à população e aos turistas nos seus deslocamentos internos.
3 avanços a serem mantidos
1 - Atendimento na saúde
Apesar das dificuldades por causa população flutuante, a cidade ampliou o número de equipes de Saúde da Família e os horários de atendimentos nas unidades básicas. A cidade ganhou 12 novas equipes formadas por médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, segundo o prefeito de Foz, Francisco Brasileiro. O Hospital Municipal ampliou três salas cirúrgicas, possibilitando recorde de cirurgias/mês desde a sua criação. Em único dia foram realizadas 20 cirurgias eletivas.
A cidade também reduziu a mortalidade infantil em 30% nos últimos três anos. Atualmente, para cada mil nascidos vivos, o índice de mortalidade é de 9,7, ante o índice de 15,47 registrado em 2015. A melhora remete a uma série de fatores, que inclui exames de alta e média complexidade e acompanhamento ambulatorial.
2 - Obras viárias
Entre as melhorias está a construção do viaduto na BR-277 - liberado para os carros em dezembro de 2019. Posicionado no cruzamento com a Avenida Costa e Silva, seu objetivo é aliviar o fluxo de carros e caminhões que entram e saem da cidade. “Com a implantação da usina de asfalto, conseguimos recapear mais 100 quilômetros de asfalto. Um deles foi a ligação entre a BR-277 e a Avenida das Cataratas”, explica o vice-prefeito Bobato.
Ainda nesta área, encabeçada pela Itaipu, depois de mais de 20 anos, está sendo construída a Ponte da Integração Brasil-Paraguai. Com previsão de término em março de 2022, outra novidade é a construção da Perimetral Leste. Os 15 quilômetros de extensão ligarão a região do Porto Meira a BR-277, auxiliando no fluxo do trânsito. A ampliação do Aeroporto Internacional Cataratas do Iguaçu foi outra conquista.
“Esses investimentos em infraestrutura ajudarão a destravar a cidade e trarão mais desenvolvimento para o turismo e o comércio internacional”, afirma Mário Camargo, diretor de Comércio Exterior da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi).
3 - Turismo
O setor turístico foi um dos que mais cresceu nos últimos anos. Foz é atualmente a terceira cidade que mais recebe eventos internacionais do Brasil, segundo o ranking da ICCA (International Congress and Convention Association). As Cataratas do Iguaçu, por exemplo, bateram recorde de visitação em 2019, com mais de 2 milhões de turistas. Estima-se que Foz, ao todo, receba cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano.
Esses números exigiram investimentos em novas estruturas hoteleira, alimentícia e até na profissionalização. “Acredito que nos próximos três anos Foz será referência em mobilidade, logística e saúde. Com este novo cenário, o setor privado se encarregará de transformar a Tríplice Fronteira em um dos destinos mais visitados do planeta, com voos internacionais e atração de novas empresas para a região”, projeta Danilo Vendruscolo, presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento.
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