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UTI do Centro de Reabilitação do Paraná que tem atendimento exclusivo para pacientes com Covid-19.
Curitiba –  04/06/2020 – Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Mesmo com oscilações, curva da Covid-19 mantém tendência de queda no Paraná| Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A média móvel de óbitos por Covid-19 no Paraná vem em tendência de queda há mais de um mês. Desde 4 de agosto, quando o estado atingiu seu pico da pandemia, com média de 54,7 mortes por dia, o número vem caindo, chegando a 37,3, de acordo com o boletim epidemiológico da última quarta-feira (9). A média móvel atual é semelhante à que o estado apresentava em 13 de julho, quando a curva estava na ascendente. Mantida essa velocidade de queda, o estado deve chegar, em outubro, a números semelhantes aos de junho, quando eram registradas menos de 15 mortes por dia, prevê o pesquisador e professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Paraná Wagner Bonat, responsável pelo estudo que monitora os índice de retransmissão do coronavírus no estado.

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“O Paraná vem mantando a retransmissão (Rt) abaixo de 1 por um tempo razoável, isso impacta diretamente na redução dos casos e óbitos. A curva tem se mostrado assimétrica, mas a tendência de queda é nítida. Mantido esse modelo matemático no próximo mês, [vamos] alcançar números semelhantes aos índices de junho, com média de mortes próxima à de 15 por dia”, comenta Bonat. Ele cita que a média de 37,3 óbitos diários já havia sido alcançada em 28 de agosto, mas, na última semana, ocorreu uma oscilação que ele entende como normal, com a curva voltando a registrar crescimento.

“É normal que, logo após o pico, a variabilidade seja maior, conforme for caindo, a variabilidade também vai diminuir. A curva de declínio tende a espelhar a de crescimento”, cita, ponderando, ainda que a oscilação ocorreu pouco mais de duas semanas após o dia dos pais, quando houve movimentação maior de pessoas e maior descumprimento das medidas de isolamento e distanciamento social. “Nas próximas semanas, poderemos ver o reflexo do último feriadão, quando vimos muita movimentação de pessoas e aglomerações em bares e praias”, lembra.

Na média móvel de novos casos diários, a oscilação é maior. Os 1.518 casos por dia da média atual, se assemelham aos 1.514 do dia 5 de julho. Mas, desde o pico de 2.032 casos, em 5 de agosto, a curva tem registrado altos e baixos, batendo em 1.950, segundo maior número de todo o período de pandemia, recentemente, em 3 de setembro. Os estudos sobre a curva e a taxa de retransmissão do vírus utilizam, no entanto, a base de dados do número de óbitos, por considera-la menos suscetível a variações sazonais e de mudanças de estratégia de testagem, por exemplo.

Mantido o espelhamento da curva, como calcula Bonat, o mês de novembro deve refletir os números de maio, com menos de cinco mortes por dia; e, os de dezembro, podem indicar números semelhantes aos de abril, no início da pandemia, com uma ou duas mortes diárias.

Colega de Bonat no estudo sobre a retransmissão do vírus, o infectologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida faz projeções mais cautelosas. “Não vejo, ainda, que estamos em uma queda sustentada, apesar de crer que podemos estar iniciando este ciclo, em um ritmo lento e instável, mas toda a queda sustentada começa desta forma”, diz. “Podemos estar entrando em um ciclo de queda, mas, neste momento ela ainda é tênue, lenta e instável”, acrescenta.

O médico reforça que o mais importante para o estado, agora, é manter a taxa de transmissão do vírus abaixo de 1 (atualmente está em 0,89), o que o estado vem conseguindo fazer, quase que de forma constante, desde a segunda semana de agosto. “Se mantivermos o R entre 0,8 e 0,9 mesmo com as flexibilizações recentes, já considero uma manutenção da queda bastante razoável. Mas o momento ainda é de instabilidade”, diz.

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